sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A decisão de ser contra




Ser diferente. Até onde podemos ser diferentes? Ou, somos diferentes realmente, ou, apenas projetamos as nossas percepções sobre o que vemos, pensamos, sentimos?

Quando adolescentes precisamos nos afirmar, buscamos os contatos que nos estabelecem nos nossos "círculos" sociais. Nessa fase, "ser diferente" pode fazer a 'diferença', mas nos torna semelhantes. O que dizer quando começamos a acumular o conhecimento? Melhor, quando começamos a transformar o conhecimento! Talvez isso não passe de um desabafo, e talvez por isso mesmo seja interessante repensar todas as minhas decisões. Decisões essas que decorrem das próprias escolhas feitas cada uma a seu modo, com seus erros, seus castigos e sorrisos.

Muitas vezes reflito sobre tudo o que acredito ou deixei de acreditar, o que sinto e o que sei que tais sentimentos sempre morrem e se refazem. Meus amigos, muitos, não possuem o conhecimento que tenho, que é pouco perante o conhecimento de muitos outros amigos. Entretanto, quantos são aqueles que conseguem transformar o conhecimento? E também, até quando a transformação do conhecimento e sua conseqüente consciência de utilidade nos é favorável? E porque digo tudo isso?

Vejamos bem:

Na academia ou, popularmente falando, na faculdade, aprendemos a transformar o conhecimento. Alguns não aprendem, outros não querem. Aquilo tudo que fomos ou fizemos durante a adolescência é fundamental nesse sentido. Porque, muitos abandonam as antigas crenças e se apegam a novas. Creio que, ao transformar o conhecimento, nos transformamos ao mesmo tempo. Ao atravessarmos o rio já não somos mais nós mesmos. Aquela rebeldia, aquela coisa de sermos ou nos acharmos diferentes, a mania de perseguição, tudo corrobora na nossa transformação. Contudo, o que acontece no momento em que descobrimos que nossos sonhos se transformaram também? Pior, quando deixamos de acreditar nos sonhos que sempre tivemos quando jovens?!

Quero falar dos sonhos também. Porque quando éramos jovens, "rebeldes", "diferentes", tínhamos sonhos que pensávamos ser puros, que acreditávamos ser tudo!!! Mas começamos a conhecer a vida. Esse conhecimento nos faz perceber que muitos sonhos nos foram impostos, jamais sonhados. Éramos revoltados porque éramos diferentes, nos achávamos diferentes porque não tínhamos acesso às riquezas da vida, por não ter acesso nos revoltávamos! "É tudo culpa do sistema!”, dizíamos. Nós somos o sistema...

Aceitamos os sonhos impostos pelo sistema e nem percebemos nossa ilusão. Por tudo isso a faculdade nos transformou e nos continua a transformar. Porém, uma coisa sempre temos que ter em mente: jamais crer totalmente ou desesperadamente na força de nossas convicções, porque elas sempre mudam conosco. Nós mudamos, nossos anseios, buscas, caminhos e caprichos. Temos toda uma miríade de fatos atrás de nós que confirmam o quanto mudamos. Porque crer, então, fanaticamente naquilo que cremos? Sabemos, por experiência individual própria a cada um que não somos determinados. Não há um destino escrito porque o futuro é criação nossa! Por isso nossos sonhos sempre se remodelam! A força de nossas convicções parte de nossos atos, que não podem ser sempre os mesmos, já que não somos uma máquina programada. Somos seres mutantes, em constante avanço e retrocesso. Somos o amálgama de uma gama sempre maior de fatos que se multiplicam dia após dia.

Tudo isso pode soar estranho, mas uma mente que sempre se renova pensa assim, pensa assado, pensa pequeno e desmesurado.

Lembro dos tempos de faculdade, grandes amigos, grandes festas, e fortes convicções... Achávamo-nos sempre os certos, crendo que o mundo era exatamente aquilo que pensávamos que víamos ser. Nossos olhos transbordavam sonhos coletivos carregados de esperança e felicidade. Hoje penso em tantas questões filosóficas e muitas questões inúteis. Porque o marxista não poderia crer em deus? Porque o evangélico não poderia ser anarquista? Porque o libertário não podia beber coca-cola? Indagações tão fulas, podem parecer, todavia, foram as experiências, outras indagações e as próprias transformações do conhecimento que levaram a estas indagações.

Não quero cair no auto-engano de muitos conformistas e comodistas que sabem, que dizem que há algo de errado com o mundo, mas nada fazem para mudá-lo. Surgem daí novas questões: o mundo precisa ser mudado realmente? O mundo precisa ser diferente? Seria o mundo melhor se ele fosse exatamente o reflexo do que pensamos?

Levei tempo para aceitar tudo isso, porque penso que, talvez, se o mundo fosse como eu quero, seria apenas o meu mundo! Por mais que eu quisesse que o mundo fosse melhor para todos, todos são cada um! Sei que alguns me chamarão de egoísta, conformista ou comodista, mas não me importo mais. O adjetivo desiludido me diz algo. Quem sabe o conformismo e o comodismo sejam formas de resistir a esse mundo e a essa realidade louca em que vivemos.

Humm... Lembro dos meus sonhos de adolescente. Eu queria ter uma Harley Davidson, e nunca me importei com o preço. Um dia, num desses encontros de motociclistas eu acordei do sonho. Aquelas pessoas de motos japonesas, norte-americanas, etc, eram pessoas ricas, pessoas que não se importam com os sonhos pobres, sonhos de gente iludida com a riqueza como eu era. Como um cara que era humilhado pelos brios e caprichos de pessoas fúteis pôde sonhar em ser como elas??? Hoje prefiro acreditar que o "sonho de liberdade" está mais próximo de mim numa "cegezinha 125" do que "abordo" de uma 'máquina 1100 cilindradas' em uma auto-estrada qualquer. "Born to be wild"? Não, não dá mais para ser assim... Já existe a andropausa para detonar com os homens, mas ela não vai me pegar!

Já fui criticado por dizer que não vale a pena sonhar. Quando se tem um sonho, qualquer desafio se desmonta à nossa frente, pois sempre há a força do sonho para nos guiar. Eu tinha um sonho, lá da adolescência. Ele foi mudando comigo, se desiludindo comigo, mas nunca perdeu a sua consistência. Lutei por ele, mas uma força externa me venceu, proibindo-me de realizá-lo. Não fui forte o suficiente ou deixei minhas convicções de lado? Sem o sonho, tudo está cada vez mais complicado. Parece que estas linhas fazem mais sentido agora. Claro que devemos ter ambições, mas tudo tem conseqüências. Não creio nesse maniqueísmo tolo de bem e mal, porque até mesmo nossas melhores conquistas trazem as suas reações.

Engraçado. Eu lembro daquele livro do George Orwell, "1984", algo como o governo com suas loterias e suas músicas toscas para controlar o povo. Aí eu me lembro de todas as drogas de músicas ridículas e telenovelas e tantas outras porcarias televisivas que fazem a cabeça do povo! Há tanta mentira por aí. Tanta igreja pra tanto rebanho... Mais gado para os lobos...

Viram? Eis aqui o diferente, o chato, o revoltado. Com certeza o mundo seria melhor sem o padre Marcelo, Xuxa, Faustão, Malhação, Rebeldes, Rede Globo, SBT, Igreja Universal, Pentecostal, Quadrangular, Católica, música sertanojo, funk carioca, religião, politicagem, carros caros, e muito melhor ainda se não existisse riqueza e pessoas ricas. Seria eu diferente? Seria bom o mundo sem esses livros de auto ajuda? O que restaria para reclamar, para revoltar?

Bom, fico por aqui. Minha decisão de ser contra tem me proibido de lapidar essa pedra bruta que carrego no peito. Não sou marionete de nenhum deus do bem ou do mal. Sou dono dos meus erros, fracassos, sucessos e do meu próprio caminho (gosto de pensar assim). Que fiquem pra trás todas as paixões e fanatismos, pois há um mundo para salvar.

Wagner Fonseca - Melancólico, 05-06/12/2006    
          
       
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mensagem enviada ao Sr. Governador Raimundo Colombo

Mensagem enviada ao facebook do governador

SR. GOVERNADOR RAIMUNDO COLOMBO



Trata-se de uma simples mensagem de natal. E espero que você realmente a leia, quem sabe até me responda de punho próprio. Mas quero que saiba o porquê de escrevê-la.

Primeiramente porque sou professor ACT e muito magoado me sinto pelos eventos ocorridos nesse ano de 2011. Magoado é um eufemismo para sintetizar todos os sentimentos que povoam minha mente. Espero encarecidamente que você entenda o porquê de eu estar me sentindo assim. Imagine então toda a angústia que sentem meus colegas professores.

Segundo, escrevo-lhe para pedir-lhe desculpas por todas as vezes que desejei algum mal para sua pessoa, mas não havia como não o fazer. Os motivos, creio eu, bem sabes. Talvez você não me conheça, nem meu nome ou meu rosto e isso pouco importa. Quero que saiba apenas que sou um professor que leciona 40 aulas semanais e ainda estuda outras 20 horas para poder oferecer o melhor aos alunos.

Eu fico chateado em saber que nosso tão rico Estado não consegue oferecer melhores condições à classe do magistério, a tanto sofrida e mitigada por governos anteriores. Muitos dos seus eleitores o elegeram por acreditar no seu caráter e competência, naquilo que você transparecia durante sua campanha de 2010. E eles estão desiludidos com o retorno dado por sua pessoa aos que mais precisam: os alunos catarinenses.

Então, Sr, governador, peço-lhe desculpas sinceras por ter desejado o mal a sua pessoa. Alguns com certeza rir-se-ão de minha atitude, e isso também pouco importa. Belos discursos vestidos em roupas caras de grife não me atingem nem um pouco. Sou uma pessoa boa, de bom coração e que ainda acredita no futuro, principalmente da educação. Assim como muitos, também sei que a educação é o melhor caminho para o desenvolvimento, o mesmo almejado pelos políticos e empresários catarinenses. Portanto, Sr. Governador, espero realmente que os sentimentos natalinos possam fazer-lhe pensar em todos seus familiares que precisam ou precisaram de um professor. Você mesmo precisou. Eu sei nada de sua vida pessoal e familiar, mas quero que saiba que da minha vida dedico horas a fio para o desenvolvimento do Estado de Santa Catarina. Quando estudo, o faço para melhor oferecer aos cidadãos catarinenses, aqueles que trabalham penosamente durante o dia para, fatigados, enfrentarem mais quatro horas em sala de aula.

Sr. Governador, também lhe peço que interfira junto aos empresários que são os patrões de nossos alunos, pois é triste ouvir de meus alunos que o atraso de todo dia é por culpa do trabalho. Dessa forma não melhoraremos os índices educacionais tão caros ao nosso Estado. Com certeza você deve dormir todas as noites preocupado com todas as difíceis decisões que precisa tomar dia-após-dia e ainda mais sabendo que não é bem quisto por milhares de professores decepcionados com os rumos da educação catarinense. Eu também perco noites de sono porque quero o melhor para nós. Percebes como o Sr. e nossa classe são parecidos? Portanto, quero dizer-te que não desejo mais mal algum a sua pessoa, pelo contrário. Espero realmente que você e os deputados eleitos pelo povo possam realmente governar para o povo e pelo povo.

De mim, garanto-lhe, podes esperar que continuarei dando o meu melhor em sala de aula, mas se preciso for estarei novamente nas ruas fazendo meu protesto juntamente com meus colegas professores. Eu tenho minhas obrigações, você as suas, mas ambas convergem para o futuro de nosso Estado. Você tem todo um aparato ao teu lado para te defender. Eu tenho minhas palavras e minhas ideias. Todavia, eu preciso sustentar esposa e filho, preciso ler jornais, revistas, pesquisar na internet, comprar livros e tudo isso só se o salário for condizente. Continuo estudando e ainda mais estudarei porque essa é minha profissão, minha vocação.

Então, Sr. governador, acredito que nossas forças devem ser mais do que suficiente para esse nosso querido Estado de Santa Catarina. Não quero professores sendo massacrados, nem cursos de licenciatura sendo fechados pela baixa procura. Quero minha classe valorizada e respeitada. Quero um Estado de respeito e forte!

Escrevo como professor, como cidadão catarinense, como cidadão brasileiro, orgulhoso de meu Estado, orgulhoso de meu país, orgulhoso de ser professor! E, como disseram meus colegas e colegas professoras e professores, que o Sr. possa ter o bom senso e ser iluminado para governar também em nossa causa. Não se esqueça: somos formadores de opinião e formadores de eleitores. Indiferente de partido, sindicato ou não, todos só queremos o melhor para Santa Catarina.



Atenciosamente, Wagner Fonseca, professor ACT de História, pós-graduado, acadêmico de Sociologia da Plataforma Freire, 22 de dezembro de 2011.   
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

domingo, 4 de dezembro de 2011

Trilha ecológica Rio do Boi, interior do Canion Itaimbezinho, Praia Grande, SC

Ontem, 03 de dezembro de 2011....outro passeio daqueles com a gurizada da escola...

A canseira foi grande, mas valeu muito a pena!!!

O nosso muito obrigado a galera da APCE, Assossicação Praiagrandense de Eco Turismo!!!

Leonardo, Tarcísio, Monaliza, Paulinho e Valmor!!!!

Seguem algumas fotos abaixo:

















Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Visita ao Canion Itaimbezinho, Parque Nacional Aparados da Serra, Praia Grande, SC/ Cambará do Sul, RS, em 26 de novembro de 2011

Eita galera gente boa!!!!!

Num lindo sábado de sol, lá estávamos nós!!!!

E pra gurizada ainda tem trabalho pra apresentar!!!....hehehe

Seguem algumas fotos:

A trdição mantida viva: subindo a serra a cavalo.

Canons Índios Coroados e Malacara.
Eu e uns alunos.

Padre Balduino Rambo, tão importante quanto o padre Raulino Reitz.

Araucária.
Iniciando a trilha.

Flores: por menores que sejam, sempre as fotografo.

Mais uma frondosa!
Aí jogaram um garrafão de vidro....srrsrsrsr.

Pessoal confirmado!

Vista que nos emociona!!!

Mirante do Vértice.

Visitante ilustre.
Outra.

Refrescnado os pés...

Brrrr..na beirada!!!

Cacalhadaaaa....hehehhe... 

Meus alunos, gente boa!
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

A fotografia no olhar sociológico: estratégias para usar em sala de aula

    Sem muitas delongas. Não postar aqui nenhuma referência, embora tenhamos muitas. E sabemos o quão importante é a fotografia, seja para registrar um terno momento familiar, ou mesmo para guardar momentos reflexivos de nós mesmos.

    O advento do mundo digital trouxe uma gama infinita de opções para o ser humano. Em sala de aula precisamos voltar nosso olhar também para esse mundo. Um professor não pode mais se dar o luxo de reclamar que não pode ou não consegue acompanhar o ritmo das mudanças tecnológicas. Deve, no mínimo, dominar o básico no que tange ao universo virtual. 

    A sociologia, centrada nesse propósito, pode e deve sim recorrer a todos os recursos necessários para deixar de ser aquela disciplina considerada chata pelos alunos para se converter na disciplina que pode lhes abrir os olhos para a realidade. A realidade social e todas as implicações que recaem sobre ela. 

    A partir disso, no dia 19 de novembro de 2011 nossa turma de graduação do curso de Sociologia da Unesc, Plataforma Freire, realizou um trabalho de cunho fotográfico no Parque das Nações, no Bairro Próspera, em Criciúma, Santa Catarina, no período da manhã. Foi um sábado ensolarado e muito proveitoso. A atividade durou aproximadamente duas horas. Ou seja, realizar uma atividade fofotgráfica com nossos alunos requer apenas um pouco de nossa disposição e algumas horas.

   Óbvio que cada pessoal direciona o seu olhar fotográfico baseado na sua intuição, conhecímento, perspectiva e objetivo, além de sua própria visão de mundo. Abaixo seguem algumas fotos que realizei juntamente com minha colega de classe e de trabalho, também amiga, Nadia Simone Ramiro:

Réplica da antiga estação de trem do centro de Criciúma, representando uma fase da história sócio-econômica da cidade.

Idem, focada noutro ângulo.

Arquibancada montada para evento festivo-esportivo.

Parte de um microfone em meio a grama. O lixo como imperativo da sociedade capitalista.

As nossas necessidades e suas criações.
Os cones demarcando o trajeto para um eventos esportivo.

Natuerza construída: criar a sensação do natural num parque artificial. Se criamos um lugar belo é porque expulsamos o belo da cidade. O "bem" do progresso.

A brincadeira infantil. Cada vez mais naturalizamos, desnaturalizamos, discutimos, esquecemos... o que temos feito à infância de nossas crianças?

O trabalho sempre presente em todo e qualquer lugar.

Novamente a infância e suas poucas preocupações... ou pelo menos assim deveria ser.

Idem.

Meios de transporte: a bicicleta e todos os benefícios.

A representação da estrada de ferro.

Um olhar angular sobre os trilhos do trem.

Caminhando sobre os trilhos: passos para o progresso.

   Enfim, nesse pequeno trablho tentamos de forma incipiente mesmo mostrar como podemos estar nos utilizando da fotografia para discutir questões sociais. Cabe ao professor juntamente com os alunos encontrar os pontos de encontro nas análises que se fazem necessárias. O que não podemos é para num tempo em que alunos estão muito a frente dos professores em vários aspectos!

    Professor Wagner Fonseca, para a Disciplina de Metodologia do Ensino de Sociologia, Prof. Rose Mari Duarte  e seu blog Dra. Rose Duarte.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...