quinta-feira, 30 de abril de 2015

A luta dos professores do Paraná


O que há para dizer ainda que não tenha sido dito? Aqui em Santa Catarina uma minoria valiosa tem lutado contra os desmandos do governo enquanto uma maioria silenciosa compactua com o desmanche da profissão docente no estado.

Deveríamos cruzar nossos braços, todos os professores do Brasil contra o ato monstruoso do governo Beto Richa do Paraná.

E aos meus colegas professores, espero que não venham reclamar do governo que temos em Santa Catarina. A culpa não é dele...ou é?

FORÇA PROFESSORES DO PARANÁ!
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Ode à violência



Louvores de ódio sejam dados a todo momento
Louvores de ódio
Louvores de ódio, que no pão é fermento
Louvores de ódio

Gritem alto, muito alto quem quiser
Gritem alto, muito alto para se ouvir!
Gritem alto, muito quem puder
Grite alto, muito alto quem sentir!

Chamem os senhores da dor!
Neguem o amor a qualquer ser!
Clamem aos senhores da dor!
Neguem todo bem que vier!

Louvores de ódio, o medo dos mestres!
Louvores de ódio, sejam dados em todo momento!
Louvores de ódio, medo nos mestres!
Louvores de ódio, raiva sem impedimento!

Matem! Fuzilem! Massacrem! Aniquilem!
Tudo que for belo!
Tudo que for desejo!
Tudo que for afeto!

Matem! Fuzilem! Massacrem! Aniquilem!
Quem for diferente!
Quem for diferente!
Quem pensa diferente!

Louvores de ódio sejam dados a todo momento!
Morte ao diferente!
Louvores de ódio sejam dados a todo momento!
Não pense diferente!
Louvores de ódio sejam dados a todo momento!
Queimem!
Matem!
Espanquem!

Acabem com o homem sábio,
Acabem com a mulher sábia,
Acabem com a criança antes de sonhar
Acabem com vida antes de imaginar
Acabem com tudo antes de criar
Acabem com a vontade de ousar!
Queimem os livros!
Queimem os quadros!
Quebrem os pincéis!
Quebrem os vasos!

Sufoquem as flores!
Sujem as águas!
Sufoquem as ideias!
Sujem imaginação!

Retraiam o movimento!
(Louvores de ódio em cada momento!)
Retribuam ao movimento
Com espadas de aço e veneno!

Quebrem os ossos,
Faça-os sangrar!
Quebrem os ossos,
Faça-os chorar!

Louvores de ódio em cada momento!
Nas mentiras iluminadas, nas caixas vazias!
Louvores de ódio em cada momento!
Nas mentes paradas nas caixas vazias!

Acabem com o homem sábio,
Acabem com a mulher sábia,
Acabem com a criança antes de sonhar
Acabem com vida antes de imaginar
Acabem com tudo antes de criar
Acabem com a vontade de ousar!

Louvores de ódio, o medo dos mestres!
Louvores de ódio, sejam dados em todo momento!
Louvores de ódio, medo nos mestres!
Louvores de ódio, raiva sem impedimento!

Matem! Fuzilem! Massacrem! Aniquilem!
Tudo que for belo!
Tudo que for desejo!
Tudo que for afeto!

 por Wagner Fonseca, 30 de abril de 2015

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terça-feira, 7 de abril de 2015

Ilhas verdes entre a lavoura



De cima do morro observam-se as diferentes gradações do verde que se estendem pela paisagem. Há uma memória coletiva entre os 'colonos' e também entre os moradores da cidade que associa a roça com mato. Há, contudo, realmente, pouco 'mato' na roça.

Nosso primeiro desafio é definir o que se entende por mato. O mato pode ser a erva daninha que cresce no quintal de casa ou no jardim. Pode ser também a 'capoeira' espalhada às margens das rodovias municipais e outras. O morador urbano chama de mato a roça querendo dizer que lá só encontra-se mato e mais mato (como se houvesse muita floresta lá). Lembro-me de uma conversa entre meu pai, minha mãe e eu sobre aquele pouco 'mato' no meio do arroz. Me pai e eu concordamos tristemente sobre aquela situação: como o 'mato' se sufocava entre a lavoura. Minha mãe, por outro lado, enfatizou o fato de os colonos deixarem aquele mato à toa. "Porque aquele mato lá? Porque não derrubam pra plantar?"

A foto em anexo foi feita por mim, sexta-feira, 03 de abril, de cima do Morro Comprido, na comunidade homônima, no município de Forquilhinha, Sul catarinense. Quando estamos lá em cima temos uma visão do que nós temos hoje: pequenas ilhas de verde em meio às lavouras. Estamos sufocando o pouco que nos resta da mata nativa original. As consequências já sentimos.

Muitos olharão apenas pelo lado do agricultor, da economia, da quantidade bocas para alimentar, etc, etc. Sim, eu sei, você sabe, todos nós sabemos o quão importante é a produção de alimentos para a humanidade. Todos sabem o quanto esta evolução foi importante para nós chegarmos até aqui. Todavia, não é uma imagem interessante por si só? Uma "ilha verde" sufocada com suas raízes na terra entre o verde também da lavoura?

Produzir mais e crescer sempre, eis a nossa meta diária. Mas será que lembramos que temos limites a obedecer? O que a Natureza nos reserva ainda? Olhem no Google Earth e verão mais claramente como temos pouca reserva de mata nativa ou secundária, pouco importa. Há, é óbvio, inúmeras implicações socioeconômicas imbricadas na análise desta imagem, afinal, qual seria a medida correta a se tomar quando observamos tal situação?

A agricultura se realiza por meio da destruição da natureza, é assim que temos feito a milhares de anos. Podemos cultivar a terra de forma menos agressiva? E quem se interessa por isso? E qual seria o ganho real em dinheiro para quem ousar? Porque tudo gira em torno disso não?


Se não preservarmos o pouco de mato, "capoeira", o pouco de mata que temos, o que teremos a preservar no futuro serão apenas recordações...
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segunda-feira, 6 de abril de 2015

O que é ser um poeta?



Ser um poeta é ser um solitário entre as muitas pessoas, principalmente quando se está entre muitas pessoas.

Ser um poeta é ser sofredor alegre e fazer dessa tristeza os versos mais profundos e melancólicos e se alegrar por causa disso.

Ser um poeta é ser um palhaço triste, que faz os outros rirem enquanto chora por dentro.

Ser um poeta é seu um sonhador mesmo quando o mundo à sua volta o impede do sonhar, mesmo contra as pessoas que insistem em te acordar dos teus sonhos acordados te desmereçam por sonhar.

Ser um poeta é, ainda assim, ser um sonhador. Um sonhador dos versos livres em meio às correntes impostas pelos políticos, pelas igrejas, pela ciência, pela filosofia e pela arte.

Ser um poeta é ter um orgulho calmo de ver algo onde a maioria apenas enxerga linhas em branco.

Ser um poeta é ter um medo quieto do cerceamento da liberdade onde a maioria apenas enxerga a imposição de suas vontades. Ser poeta é tentar mostrar às pessoas que suas vontades nem suas são de verdade. Ser poeta é mostrar às pessoas que elas podem ser escravas das próprias vontades...
Ser um poeta é ir aos mesmos lugares de sempre e sempre encontrar aquelas coisas diferentes que a maioria nunca consegue encontrar. A maioria não gosta de visitar os mesmo lugares...

Ser um poeta é viajar para lugares diferentes, distantes e levar consigo tudo de bom e ruim que existe no lugar onde vive. O poeta é um caramujo. O caramujo, apesar da casca grossa, continua sendo um búzio mole...

O poeta carrega consigo todo o seu mundo e o mundo dos outros para cada mundo que visita. O poeta é, às vezes, uma ilha.

Ser poeta é não se intimidar, embora se frustrar seja algo muito comum no poeta. Ser poeta é também mais que sonhar.

Ser poeta exige ter pelo menos um objetivo de vez em quando. Criar seus poemas e vez por outra juntar tudo num livro. O poeta morto ainda é um ser vivo.

Ser poeta é encher as linhas com palavras desconhecidas que não significam coisa alguma quando escritas. Mesmo assim evocam suspiros e pensamentos os mais diversos. Ser poeta é não esperar ter sucesso...

Um poeta traduz em palavras o ritmo de sua própria vida sabendo exatamente que está entre um mar de indivíduos.

Ser poeta é ser contraditório, bem visto ou mal quisto. Um poeta incomoda tanto quanto um mosquito...

Ser poeta é ser preto e branco, mas também ser colorido. Isso pouco importa, na maioria das vezes é sempre mal entendido...

Ser um poeta é ir além, dizer ou não amém. Um poeta ama. Um poeta odeia. Um poeta sonha. Um poeta desiste. Um poeta se suicida numa linha, na outra ele revive.

Ser poeta é caminhar em nuvens de lágrimas e em fel de sorriso.

Ser poeta é estar sempre pronto, ao mesmo tempo indeciso.

Ser poeta é carregar consigo um lápis ou caneta, algum papel velho ou caderneta.

Ser poeta é ser receptáculo da inspiração.

Um poeta devaneia, escreve com o sangue da alma e também do coração...


Wagner Fonseca – 06/04/2015 
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quinta-feira, 2 de abril de 2015

S.O.S. PROFESSOR! S.O.S. PROFESSORA!



Recentemente no nosso movimento da categoria de professores da Santa Catarina me chamou muito a atenção uma bandeira inscrita: “SOS EDUCAÇÃO”. Pensei muito sobre e conclui que a bandeira está errada. O “SOS” não é pela educação, é pelo professor, é pela professora...

Me enche de raiva o coração, porque de tristeza não dá mais. Aliás, eu não sei ao certo qual sentimento ruim se apossa do meu ser quando assisto nosso secretário da educação falando na tevê. Muito menos quando ouço a própria tevê. Não, não ela, mas um comentarista que cedo nos brinda com pérolas sobre o magistério catarinense. Faltam-lhe informações, creio eu, ou no mínimo boa vontade (seria má fé?). Como, exemplo do que fora dito uns dias atrás: “um professor é contratado por 40 horas e trabalha 10”; “como pode um professor trabalhar por um período e ganhar por outro?”; “um professor trabalha mais do que aquilo pelo que foi contratado”. Estranho não? É, confunde a todos. Porém, o pior de tudo é o fato de sempre baterem na mesma tecla: “quem perde com tudo isso é o aluno, que é o elo mais frágil...” E o professor e a professora, é ainda algum elo?

É por isso que digo, quem pede “SOS” não é a educação, somos nós, professores e professoras. É, nós que trabalhamos doentes, afinal, um ACT não pode pegar atestado com mais de um dia. Nós que distribuímos o livro didático para os alunos rodopiarem no dedo, jogarem no chão, perderem ou nem sequer levar para casa. Ou levam e nunca mais tocam nele.

Há professores ruins? Ah, para com isso! Profissionais ruins há em qualquer profissão. Há alunos ruins? Claro que há, quem seria louco de dizer que todos são bons? Entretanto, há muitos e muitos bons alunos e alunas. Quando cheguei à escola ontem vários alunos e várias alunas vieram me perguntar como eu estava, se estava tudo bem (sofri um pequeno acidente semana passada). Essa atenção e carinho não tem preço e nenhum governo consegue mensurar o quanto isso é importante e precioso! Agora, um governo que diz que vai melhorar a vida do professor ACT, por exemplo, economizando 40 milhões mensais do FUNDEB, está preocupado com educação ou escola? Desde quando educação é gasto???? Acordem, educação é investimento!

Quer saber o quanto a educação está precarizada? Pergunte em qualquer sala de aula quem quer ser professor.

Pra resumir: fizemos uma greve gigante em 2011 pelo cumprimento de uma lei que o governo de Santa Catarina foi contra em 2008, em 2009 e em 2010. Não a cumpriu na sua totalidade em 2011 nem a cumpre ainda. Milhares de alunos tiveram aprovação automática e agora temos dificuldades em sala de aula. Eu não quero apenas um salário melhor, eu quero uma perspectiva de melhorias para minha carreira, para minha profissão e para a sala de aula. Esforço-me para fazer a minha parte e o que ganhamos em troca? Tirania, da mídia e do governo.


É um desabafo de um professor, já se tornou um lugar-comum este tipo de desabafo. Enquanto havê-los, a educação, o professor, a escola estarão pedindo SOS...


(texto do início do mês de março)
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