quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

A beleza de cada estação



Recentemente passamos por uma forte onda de calor aqui no Sul e mesmo no Brasil todo. Reclamações diversas temperam nosso cotidiano virtual e real sobre o calor extremo. E lá vamos nós discutir qual estação é melhor.

Precisamos ver a beleza de cada estação. Não haveria vida sem esse ritmo de mudanças, como diria o filósofo pré-socrático Heráclito. A mudança é cerne de toda vida, por isso temos as quatro estações num ano. Há quem diga que aqui em Santa Catarina nós enfrentamos até seis estações, quando não as enfrentamos todas em uma única semana e até num único dia!

Cada momento traz a maravilha de podermos sentir essas variações tão importantes para nossas vidas, para nosso crescimento. O calor do verão e seus banhos de mar, rios, lagoas e cachoeiras. O sol lambendo a Serra nos finais de tarde do outono ainda indeciso, hora quente hora frio. Como não se encantar quando na sexta-feira, no final do dia sol e nuvens e vento compõem uma sinfonia do retorno do inverno lá pelo mês de maio?! E, no mesmo mês, um veranico para nos recordar que a vida precisa de calor para viver. 

No frio do inverno nos recolhemos, damos atenção à coisas mais íntimas, a comida torna-se uma tentação! Alguns meses e o colorido da primavera começa a ensaiar seus passos em agosto. Retornamos de nossa “hibernação” aos poucos mais uma vez para reencontrar outro movimento da vida. 

Todo esse processo de vais e vens é fundamental para a manutenção da nossa existência. De nada adianta continuar nessa inglória disputa de qual estação é a melhor. Bom mesmo é deixar a vida acontecer, a natureza não depende de nós, porém o contrário é verdadeiro. Às vezes se torna difícil aceitar o frio ou o calor extremo, como todo extremo o é. Que tal deixarmos de lado as corriqueiras reclamações sazonais e curtir o que de melhor usufruímos em cada estação? Afinal, ontem invernou, hoje primaverou, amanhã veraneará e depois outonará. É o nosso eterno ciclo do existir.
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quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

O fanatismo do brasileiro beira o totalitarismo




Uns poucos minutos nas redes sociais e o enjoo vem fácil. A internet é uma grande provedora de “relativismos” frios, algumas vezes desconexos e também agressivamente abusivos. Quando não contraditórios. Para cada acusação de um lado qualquer há outra prova em contrário do lado acusado. Observem atentamente cada “debate” proporcionado na rede. Sempre há quem tenha outras informações que contradizem aquilo que antes foi dito e aí começam as brigas corriqueiras.

Poder expressar nossos pontos de vista é uma conquista democrática, herança iluminista da Revolução Francesa (ah, sem esquecer o fundo liberal do Iluminismo, antes que eu seja acusado de ser só mais um esquerdista! Bah!). Bem, é graças ao direito de expressão democrático que eu posso me considerar alguém de esquerda. Isso não me impede de ter amigos de direita. Muito menos sou impedido de ter amigos que sequer sabem as diferenças (e semelhanças) de ambos e também nada me impede de ter outros amigos que vêm tentando superar essa dualidade. Uma baita desafio.

Por outro lado, voltemos às nossas redes sociais e os seus “profícuos relativismos”. Tente argumentar em alguma postagem sobre política ou religião. Não, caros amigos, não existe isso de que política, futebol e religião não se discutem. A única coisa que não discutimos é aquilo que não entendemos, não conhecemos, por isso só ouvimos, para aprender. Por outro lado, ainda, na internet ou no dia a dia mesmo, discussão virou sinônimo de disputa e quem disputa quer vencer. Discussão, por outro lado também (por favor, perdoem-me a repetição), não precisa ser vencida, precisa apenas ser discutida, no intuito de que pontos de vista divergentes possam, ao menos, serem ouvidos entre si.

Empatia, alteridade, se coloque no lugar do outro antes de julgá-lo. Não é um exercício fácil. A internet, já sabemos, não é um território sem leis, há regras explícitas e outras que vêm da boa educação de casa. Aí veremos novos problemas e soluções parecerem apenas conceitos abstratos.

Eu proponho uma experiência bem “simples”: crie um perfil fake contrário às suas ideias. Por exemplo, seja de direita quando for de esquerda e vice-versa. Tente expor “suas convicções” publicamente. Pode ser doloroso, mas qualquer pessoa bem intencionada, educada e com um mínimo de discernimento, não tem necessidade de tal artifício. Basta observar o fanatismo psicótico que se espalha.

Na democracia que vivemos você ainda pode optar ser de esquerda ou de direita e isso pode dizer muito ou pouco sobre você no final. Entretanto, quando você vê o erro, a falha, o pecado, a imoralidade apenas em um lado da situação, você está caminhando rumo à uma visão totalitária (muitas vezes fundamentalista!). Num passeio rápido pela web podemos perceber política e religião mesclando-se num perigoso monstro de ódio contra tudo o que for contrário à visão de quem aponta o dedo.

Se eu sou da esquerda e enxergo o erro apenas na direita, já expresso aí minha miopia em relação ao mundo. Se sou da direita e creio que o mundo será melhor se eliminarmos a esquerda, então sou totalitário, antidemocrático e isso nós vemos nos dois lados. Contudo, eu preciso também demonstrar o lugar de onde olho para o mundo. Penso que pode ser possível um dia em que superemos essa dualidade política, porém, não tenho tantas esperanças assim. Me incomoda e assusta o quanto as pessoas ao meu redor não se preocupam mais com suas máscaras. Inocência e ingenuidade de um iludido poeta, pois agora as pessoas vociferam tudo aquilo que sempre pensaram sobre os outros e assim os tratam: não são seus próximos, são apenas outros e, como outros, devem ser excluídos ou eliminados.

Fobia social e reduzido círculo de amigos já despontam como horizonte mais palpável a cada dia. Que a banalidade do mal não converta os livres pensadores nos próximos “outros” a serem eliminados, embora já saibamos estar ali classificados.

03 de janeiro de 2019 




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