domingo, 17 de janeiro de 2010

Breves recordações de um cadáver

Só o meu sono me reconforta
Escondido da luz nesse túmulo.
Nenhuma lágrima trilha o caminho
Cadavérico de meu extinto rosto.

Não sinto mais as cócegas benfazejas
Dos vermes que corroíam minha carne.
Agora meus ossos apenas se desmancham
Deixando minha dor cada dia mais distante.

Lentamente estou deixando de existir
Tão logo a morte se apossou de meu corpo.
Nessa escuridão que me envolve eu sinto
Todo meu íntimo se misturando ao vazio.

O que era antes, vivo, custo a recordar,
Sobre o resto de mim repousa uma pedra
Que esconde o cheiro acre da decomposição
Que dera os olhos viventes pudessem me ver...

O riso banido dos meus sentimentos
“Vive” lúcido em meu crânio descarnado
Meus belos dentes se exibem ao tempo,
Lembrando que meu tempo jaz no passado.

--
Wagner Fonseca – momento melancólico, 08/11/07, 21h20

publicado no lagartixatomica.blogspot.com em 16/11/07
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