quarta-feira, 17 de março de 2010

Monopólio do absurdo


É um absurdo! Sim, um absurdo. Estou nesse momento em sala de aula com meus alunos e alunas concentrados enquanto ouço Janis Joplin. Mas isso não é um absurdo. O ridículo está na mídia.


Estou cansado dessas pessoas que, na tevê, vociferam palavras de ordem como se fossem os donos da verdade. Senhores de terno e gravata que apregoam aos berros a violência sistemática da ordem autoritária em nome dos bons modos. Senhores oscilantes em seus devaneios totalitários pela liberdade suprema.


É um absurdo que muitos os venerem como nossos salvadores. É um absurdo culparem as ideologias políticas e econômicas pelo massacre organizado do nosso planeta. Não somos, pois, os culpados diretos por nossos atos?


É absurdo essa letargia geral às modas impostas à nossa juventude. É como se a indústria cultural monopolizasse nossa insensatez, ignonímia, nossa imbecilidade! E como ovelhinhas obedientes assimilamos tudo o que o rádio nos tem a “oferecer”. Cada novo “artista” que aparece apenas reproduz o ridículo de nossa sociedade. Nossas mentes já não nos pertencem mais, não temos mais gosto ou vontade. Tornamos-nos o botão do “play” e do “rec” a reproduzir mecanicamente sem questionar. Ligamos a tevê, mas não temos o controle remoto. Somos controlados e nem percebemos. Negamos nossa identidade mais uma vez monopolizados pelos diálogos superficiais, pelas “verdades” jornalísticas e pelo balançar das redes. Os comerciais nos dizem que somos feios, sujos, atrasados e sucumbimos perante comentários inteligentemente moldados para nos mostrar a nossa “ignorância”. Já não precisamos mais pensar, nem sentir. Não somos mais nós mesmos. Somos os escravos do belo, do saudável, do inquestionável jogo da mídia.


Não somos mais homens ou mulheres, somos recursos humanos. Não somos mais trabalhadores, somos colaboradores. Não somos mais artistas, somos marca registrada. O monopólio do absurdo institucionalizado impera em nosso âmago destituindo nosso ser do bem mais fundamental que podemos ter: nossa integridade. Nossas personalidades únicas já não importam mais...

Wagner Fonseca – 11/03/10

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