quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

Onde está a história?

E nas lembranças repousa nossa história...


A história está ali, enterrada ou cerrada atrás de uma porta. Ledo engano. A história está em todo lugar e mesmo assim muitos não a veem.

Debaixo de uma pedra ou mesmo parede de seu quarto, ou parede do velho paiol do nono. Naquela placa da esquina ou nome pichado na parada do ônibus.

A história está nos lábios boêmios dos bares da vila e n’alguma foto esquecida numa caixa encima do guarda-roupas.

A história está à espreita, nas entrelinhas sufocadas de uma piada, racista, xenofóbica, machista ou inocente. A história nunca esconde seus dentes.

Sob uma figueira ou parreiral. Um velho lustre ou casa abandonada. A história persiste no velho, no empoeirado, no esmaecido de um botão de rosa amassado entre as folhas de um diário. Ali está a história. Nefasta ou nefanda, sagrada, sarcástica, irônica ou profana. Material, oficial, fragmentada ou abstrata. Mais afiada que o antigo canivete, mais perfumada que o bem guardado enxoval de casamento.

Absurda, como a notícia de um jornal. Violenta como o sangue e marcas de tiros. No galho seco da árvore atingida por raio num temporal.

A história é museu itinerante de um passado sempre presente, indo e voltando assim de repente. A história evoca lágrimas, suspiro, longos suspiros, um ar de graça. Ensejo de boas novas, previsão e ternos presságios de pessoas amadas. Para onde quer quê se olhe se vê a história. Moldando-se e remodelando-se. Sempre se construindo, se fazendo e se refazendo sob os olhares de cada ser humano.

Porém, como já percebemos, a história não está distante. Ela está em cada um de nós. Em nossos sonhos e rimas, erros e ousadia. Quando vivemos somos apenas vida. Sem querer, e por assim ser, não vemos a história nos envolver. São fatos cotidianos, nosso jeito de entender o mundo. É nossa forma de pensar e imaginar. E por causa da história, seu jeito de engendrar cada coisa num novo lugar, novos acontecimentos sempre nos levam a renovar.

O que era comum, o que era corriqueiro se torna interessante o bastante para alguém querer historiar.
Gravador na mão, caneta e papel, máquina fotográfica. Da nossa lembrança dá magia à memória. Se embevece com velhos papéis que não damos importância. Fotos antigas, peças enferrujadas e alegria de quem descobriu uma grande aventura. De nossos olhos, de nossa pele, de nossos pensamentos extrai páginas e páginas. Nomes difíceis e pomposos, um ar vitorioso e vivifica uma grande história.

Era ninguém, um fato comum, um dia qualquer. Era história. Encravada no nosso peito, na paisagem diária, no jeito de agir, pensar e sentir. É história. No ato mais comum e mais sagrado de existir.

Wagner Fonseca, 17/01/12 Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Um comentário:

  1. REALMENTE, A HISTÓRIA ESTÁ PRESENTE EM TODOS OS LUGARES E MUITAS VEZES O NOSSO CETICISMO CRIADO POR UMA VIDA MAIS CÔMODA NÃO NOS PERMITE ENXERGÁ-LA. ALIÁS OS NOSSOS GOVERNANTES SE ESFORÇAM TODOS OS DIAS PARA APAGAR A NOSSA HISTÓRIA.

    DEPOIS PASSA LÁ:
    http://thebigdogtales.blogspot.com/2012/01/lobisomens-persas-origem-7-parte.html

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