Questionado por duas alunas em sala de aula, produzi o texto que segue abaixo:
Quando
você não conhece a história, você não conhece o presente, porque o presente é fruto
da história. E a história é semente que plantamos e renovamos diariamente.
Aqueles
que almejam usurpar o futuro são os mesmos que deturpam e distorcem a história.
E a história é fruto das ações humanas, individuais e coletivas. Ações pensadas
ou não, mas baseadas em ideologias, próprias ou não. Homens e mulheres agem no
tempo e no espaço. Cada ser humano pensa sobre o tempo que vive, sobre o espaço
em que age. Nos moldamos e remodelamo-nos constantemente e sobre o mundo a
nossa volta. Nosso mundo não é só o que vemos, sentimos e ouvimos. Nosso mundo
é também como o vemos, como o sentimos e como o ouvimos. Nesse sentido, a
Filosofia nos ajuda a entender este mundo como é, mas acima de tudo, porque o
é. Não apenas a Filosofia nos ajuda a enxergar o mundo como nos ajuda a nos
enxergar enquanto parte deste e neste mundo. Em consonância a este
conhecimento, nos entendemos enquanto individualidades materializadas no
coletivo da sociedade. Assim a Sociologia, ao estudar as relações sociais,
mostra também o que fazemos e o porque o fazemos uns com os outros.
Todos os
grandes pensadores do passado tentaram entender o mundo, tentaram explicar o
mundo, cada um ao seu modo, para o bem e para o mal, como se costuma dizer. O mundo
só é o que é hoje porque as pessoas viram dificuldades, transformaram problemas
em soluções. A capacidade criativa humana, aliada à curiosidade sempre
efervescente, foi responsável por aquilo que chamamos de ciência. Aquela ou
esta ciência, filha da curiosidade e da observação, é que moldou este mundo
como ele é. Obvio que não o fez de forma isolada. Tanto Ciência quanto Religião
são criações humanas, assim como Arte e a Tecnologia. A junção de todos estes
conhecimentos resulta no mundo presente.
Queres
um motivo do porque estudar? Não há um único motivo. Porém, há um bom motivo:
conhecer bem o passado para se saber quem é e o que fazer, no presente e no
futuro.
Somos seres
vivos, frutos de ligações, químicas, de longas cadeias químicas de aminoácidos.
Somos frutos de conexões quânticas entre átomos que alinham-se e desalinham-se
para que possamos ser um corpo biológico sujeito às leis da física.
Somos um
corpo que cai e levanta, sujeito à ações de outros micro-organismos que
infligem doenças, medo ou esperança a todos os corpos individuais que compõem as
doenças, os medos ou os sonhos da sociedade.
Somos um
ser racional que sente medo sem razão aparente. Somos um ser artístico que
procura razão na poesia, sentido nas tintas. Somos seres linguísticos,
comunicativos que querem ser felizes isolados uns dos outros. Como queremos ser
felizes sozinhos? Somos seres que perseguem a felicidade e ao mesmo tempo somos
egoístas.
Somos seres
físicos e mesmo assim muitos temem exercitar o próprio corpo. Somos seres
extremamente criativos, imaginativos, mas que nos recusamos a desenhar, a
ousar, a usar toda nossa capacidade criativa.
Somos seres
emotivos, seres espirituais, mas negamos esta dimensão e nos limitamos
religiosamente. Somos seres contemplativos, porém, preferimos a cópia mal feita
da natureza. Preferimos o barulho insensato em detrimento do leve sibilar do
vento nas folhas das árvores. Preferimos antidepressivos ao invés da orquestra
da natureza após a boa chuva na zona rural que faz os sapos cantarem
intensamente.
Há tanto para dizer, tanto para ousar, tanto
para refletir, tanto para criar. Porém, preferimos mensagens distantes
digitadas num aparelho que deveria nos unir, entretanto, o usamos para nos
separar.
Somos capazes
de aprender, capazes de ensinar. Somos capazes da emoção mais alta, do
sentimento mais profundo, da elocução mais brava. Contudo, negamos
veementemente a tudo isso crendo no comodismo superficial criado por coisas
feitas para nos desligar. Mas não se confundam: desligar é ótimo, é necessário,
o mundo necessita que nos estejamos desligados uns curtos tempos. O mundo e o
nosso corpo. E esse comodismo todo não desliga-nos de maneira saudável e, sim,
desliga-nos uns dos outros de maneira prejudicial.
Somos o
que somos no tempo e no espaço, seja ele natural ou geográfico. Em cada um de
nós brilham infinitas possibilidades, então porque evitar tamanha capacidade de
ir além? Porque se limitar a uma pequena tela reluzente com tímidas teclas? Porque
se limitar a uma voz que se monocromatiza num pequeno aparelho? Não é melhor
rir juntos? Sentir juntos?
Não devemos
deixar nossa curiosidade de lado. Não devemos nos limitar. Estudar, para quê? Esta
é a pergunta, mas a resposta não é curta. Ousar respondê-la exige criatividade,
horas de descanso e também horas de leitura, de risos, de comoção e de
compartilhar o melhor de cada um em um mundo que precisa cada vez mais do
melhor de cada um.
Estudar,
para quê? Ouse, você responder!
Professor
Wagner Fonseca, outubro/13
Nenhum comentário:
Postar um comentário