domingo, 8 de agosto de 2010

Votar ou não votar?

Eis um assunto delicado. Embora eu tenha postado abaixo um texto (que não é de minha autoria) sobre o assunto voto nulo versus o voto obrigatório, é preciso deixar claro aqui que não sou participante da ideia de voto facultativo. E porquê?

Em primeiro lugar por entender o voto como direito conquistado. Se é direito não é obrigação, é exercício de cidadania. Porém, alguns podem pensar que, sendo direito meu garantido, eu posso negá-lo. Existe ai um problema grave. Vejamos então.

Em segundo lugar é perceptível o crescimento do movimento pelo voto facultativo na internet. Aliás, também é crescente o movimento de extrema direita na internet, só não percebe isso quem não quer. E é justamente isso que vejo na internet. A cada fórum que visito, site ou blog a discussão pelo voto facultativo é semre feita por pessoas de posses, em grande parte dos casos. Nas comunidades do orkut já percebi isso. Bom, isso me leva a teorizar (COMO UM CONSPIRADOR...HEHEHE) sobre os porquês dessa motivação das classes mais abastadas sobre o voto facultativo.
Sob a égide de uma desculpa esfarrapada de que de nada adianta votar, afirmam solenemente os entusiastas de tal pensamento que seria melhor se o voto fosse considerado apenas uma obrigação para quem quisesse praticá-lo. Pensemos melhor esse caso: com o grau de instrução do brasileiro e sua capacidade ativa, ou melhor, a sua cidadania ativa, já é posta em cheque hoje, devido a sua "dantesca" qualidade, imaginem como melhoraria incrivelmente nossa política!!! Com a obrigatoriedade já fazemos o que fazemos nas urnas, imaginem se apenas poucos votassem. Quem seriam os cidadãos responsáveis que ditariam os rumos da política no país? É óbvio que a compra de voto seria a grande máquina por trás de cada voto, infelizmente.
Também precisamos atentar que esse modo de pensar sobre o voto facultativo encontra respaldo entre as pessoas de situação financeira inferior ao das elites. Ideologicamente o modo de pensar tende a encontrar esse respaldo. Contudo, aprecio um embate interessante nos fóruns de discussão da rede: os favoráveis ao voto facultativo são, em grande parte tendenciosos a manutenção do status quo e representantes da direita, enquanto os que manifestam-se pela manutenção do voto obrigatório e seu entendimento como direito são em geral representantes da esquerda.
Pode parecer pura especulação, mas foi preciso muitas horas de análise para poder escrever isso. Sempre observando os fóruns e as postagens de cada membro em sites como o orkut. O que realmente se quer com isso? Desmoralizar a democracia? Imbecilizar ainda mais nossa política?
E nunca é demais tentarmos entender um pouco as coisas. Segundo Paulo Bonavides, há, pelo menos, três entendimentos sobr e o voto. Na ideia da doutrina de soberania nacional o voto é entendido como função, sendo obrigatório e o mandato do eleito é representativo. Ou seja, aquele que elegemos é nosso representante e só perderá seu mandato caso execute alguma ilegalidade pesada. Continuando a ideia de Bonavides, o entendimento do voto enquanto direito nos leva a doutrina de soberania popular, o voto é facultatitvo e o mandato é imperativo. Mas, o que isso siginifica? Isso quer dizer que o eleito é o depositário da confiança do eleitor. Funciona em alguns países cujo sistema politico é conhecido como social democracia. Nós países nórdicos tem funcionado assim. O candidato eleito é fiscalizado pelo eleitor e deve prestar conta de seu serviço aos eleitores. Caso comprovado irregularidades ou incompetência, ele pode perder seu cargo. Teoricamente é algo muito bom, se funciona na prática, se comprovarmos in loco a situação.
Bom, meras palavras. Talvez, mas a fica a dica para pensarmos mais atentamente sobre as questões que nos são impostas nesse mundo virtual.
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