quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A nova medida do homem

Eis um pequeno resumo que preparei para meus alunos do 1º ano do Ensino Médio sobre seis grandes temas dos séculos XV e XVI:


1 As grandes navegações

A partir das Cruzadas do século XI a economia medieval se reaqueceu e o comércio ressurgiu, alavancando o renascimento urbano. Gênova e Veneza, ambas as cidades na península itálica, monopolizaram o comércio marítimo mediterrânico com o Oriente. Com o fortalecimento das monarquias nacionais e principalmente da burguesia, esses se lançaram em busca de novos caminhos para atingir as Índias Orientais.


Portugal se destacou como pioneiro por sua estratégica posição entre as rotas marítimas que ligavam o Mediterrâneo e os mares do no Norte da Europa. Além disso, os lusos possuíam muitos conhecimentos de navegação, a monarquia lusitana ansiava por mais poder, os nobres mais terras, os pobres trabalho, os burgueses, comércio, e a Igreja visava continuar com o projeto das Cruzadas e espalhar a fé cristã. Assim, em 1415 teve início a expansão marítima portuguesa, seguida de perto pela Espanha. Logo outras potências européias entraram na disputa mercantil marítima.

2 O Renascimento

Chamamos de Renascimento um movimento surgido entre os séculos XIV e  XVI, difundido principalmente entre as elites européias. Negando em grande parte a cultura produzida durante a Idade Média, os renascentistas visavam a busca dos valores greco-romanos. O coletivismo feudal também fora deixado de lado, sendo substituído por um individualismo cada vez mais crescente. Deus deixar de ser o centro de tudo (teocentrismo) para dar lugar ao antropocentrismo (o homem o centro da criação), ou humanismo, que valorizava o racionalismo como maior obra divina. 


Com a invenção da imprensa de Gutenberg, o saber propiciou uma burguesia letrada e difundiu cada vez mais os valores renascentistas e também os valores pregados pelos reformistas religiosos.
A busca de referenciais gerais (universalismo), regras que pudessem explicar o mundo e a natureza de foram racional, levou à criação de novos modelos anatômicos e físicos, bem como filosóficos.
Na península itálica o Renascimento teve o seu berço, visto que reminiscências do Império Romano e a proximidade do Império Bizantino favoreceram o contato com a cultura greco-romana. Além disso, o forte comércio da região possibilitou a formação de uma burguesia rica que, entre outras coisas, praticava o mecenato: famílias burguesas poderosas financiavam artistas e intelectuais em geral, tornavam-se mecenas, e assim auxiliaram e muito o crescimento artístico da região. 
Embora no início os artistas ainda abordassem muitos temas religiosos, traziam uma novidade: as obras eram assinadas. Os autores medievais, anônimos, se consideravam apenas artífices do Criador. E mesmo as obras escritas deixavam de ser na língua da igreja, o latim, para serem redigidas nas nascentes línguas locais e dialetos das monarquias nacionais que começavam a se firmar. Surgia assim, também, o nacionalismo.
Dante Alighieri, por exemplo, ao escrever sobre o tema religioso fez também crítica a Igreja. Giotto, embora pintasse a imagem de Cristo, o fazia extremamente realista, visando despertar emoções.
Na arquitetura, o gótico dá o lugar aos temas da antiguidade clássica. Os santos passam a ser pintados com extrema humanidade e temas pagãos também tornaram-se comuns. Sem contar as técnicas do sfumatto e da perspectiva. Da Vinci, Michelangelo, Fra Angélico forma grandes artistas e pesquisadores. Além desses, destacaram-se inúmeros outros artistas renascentistas como: Dürer, Van Eyck, Brughel, El Greco, Cervantes, Shakespeare e outros. Na filosofia destacaram-se Morus, Erasmo, Montaigne e Maquiavel, considerado pai da filosofia política.
Na ciência também houve muitas evoluções, embora seja um tanto incorreto falar em Renascimento, pois durante a Idade Média a ciência não foi totalmente esquecida. Enquanto a Europa não mostrava muita evolução, nesse sentido, os árabes estavam a sua frente. Porém, as descobertas renascentistas também forma fundamentais e destacaram-se nomes como Copérnico, Kepler e Galileu.

3 A Reforma Religiosa

O século XVI viu o movimento da Reforma Religiosa. A Igreja Católica sempre foi criticada, mesmo durante a Idade Média e mesmo perseguindo os hereges (aqueles que pensavam diferente dela). E o luxo que dividia o alto clero do baixo clero era uma denúncia constante.
Martinho Lutero
As críticas recaíam sobre as vendas de indulgências (objetos considerados sagrados), os abusos dos papas corruptos, que se casavam indiscriminadamente, casavam seus filhos com filhos de ricos, criavam postos que não existiam, viviam da luxuria e tinham em tudo atitudes nem um pouco “cristãs”.
Surgiu a figura de Martinho Lutero, monge agostiniano que pregava contra os dogmas da Igreja Católica. Considerava que cada um era livre para interpretar a bíblia, a única fonte de salvação, e que essa salvação era baseada em Cristo e não nos sacramentos da Igreja. Aboliu o culto a Nossa Senhora e aos santos. Foi excomungado pela Igreja, mas teve grande apoio da burguesia e nobreza germânica que ansiavam por expropriar as terras da Igreja e deixar de pagar impostos. Inevitavelmente estouraram revoltas, sendo uma comandada por Tomas Müntzer, que foi repudiado pelo próprio Lutero e acabou morto. Por fim, em 1555 deu-se “Paz de Augsburgo”, que reconhecia dois terços do sacro Império Romano Germânico com protestante.
Outro nome de destaco foi o francês João Calvino. Perseguido, instalou-se na suíça, onde teve apoio de Ulrich Zwingli. Os calvinistas acreditavam na predestinação divina: os homens nascem para ser salvos ou não e a fé seria o sinal da salvação. A prosperidade econômica passou a ser vista como sinal da salvação predestinada: quem enriquecia através do trabalho, por exemplo, agradava aos olhos de Deus. Os burgueses adoraram isso.
Na Inglaterra o rei Henrique VIII rompeu com a Igreja Católica e, mesclando elementos da Igreja Calvinista, criou a Igreja Anglicana, cujo líder é o próprio monarca. Henrique VIII não tinha filhos e, temendo que seu país perdesse a soberania após sua morte, resolveu casar-se novamente. O papa não permitiu. Ele rompeu com a Igreja, confiscou-lhe todos os bens e iniciou uma nova Igreja.
Entretanto, a Igreja Católica não aceitou todas essas mudanças e iniciou a chamada “Contra-Reforma”. Convocou o Concílio de Trento, reformulou a Inquisição, criou seminários, o index – lista de livros proibidos aos católicos – e todos os protestantes tornaram-se hereges. Estava pronto o palco para inúmeros conflitos violentos que resultaram em muitas mortes em nome de Deus. A paz só findou em 1654 com os Tratados da Westfália.

4 O Absolutismo

O absolutismo foi um sistema político que garantia poderes ilimitados ao monarca. O monarca absolutista é o símbolo das monarquias nacionais que haviam se formado no final da Idade Média. A burguesia apoiava o rei porque acreditava que era o único que podia unificar o sistema tributário, proteger o mercado nacional e acabar com todos os impostos feudais.
A Igreja, que a princípio fora contra a centralização do poder real, colocou-se ao lado dos reis, devido a perda de espaço para o protestantismo. Assim, também os nobres visaram o poder real na tentativa de garantir seus privilégios e posses, uma vez que estavam enfraquecidos perante a ascensão burguesa.


Vários filósofos legitimavam o absolutismo. Maquiavel, em sua obra “O Príncipe”, descreveu uma série que fatores necessários para que o monarca mantivesse-se no poder. Entre eles, manter uma aparência sadia e agradável, mesmo que fosse um crápula e ser violento se necessário.
Thomas Hobbes (1588-1679) dizia que o soberano era o resultado do acordo feito entre os próprios homens para que os mesmo conseguissem viver em sociedade. Somente um poder forte e centralizado seria capaz de manter a ordem.
Jean Bodin (1530 – 1596) afirmava que o poder real emanava de Deus, sendo então inviolável.  Jacques Bossuet compartilhava das ideias de Bodin.
de Deus, sendo enter real emanva a capaz de manter a ordem. acordo feito entre os proprios   Durante a Revolução Francesa, em 1789, convencionou-se chamar a época do absolutismo de Antigo Regime, pois para os revolucionários se tratava de um tempo que deveria ser encerrado para o nascimento de um novo e melhor momento.
O absolutismo francês caracterizou pelas disputas religiosas entre católicos e protestantes, os huguenotes. Essa disputa se refletia nas famílias Guise e Bourbons, que levaram a França à Guerra dos Trinta Anos contra o Sacro Império Romano-Germânico. O ápice do absolutismo francês foi o rei Luís XIV, ao qual se atribui a frase “O Estado sou eu”.
O absolutismo inglês ficou marcado pela figura de Henrique VIII, que rompeu com a Igreja Católica, confiscando suas terras e criando a Igreja Nacional da Inglaterra, Igreja Anglicana. Com sua filha, Elizabeth I, a Inglaterra alcançou grande desenvolvimento econômico. A diferença do absolutismo inglês em relação aos outros países europeus estava na existência do Parlamento, que limitava o poder real.

5 AS REVOLUÇOES INGLESAS

Tiveram início após a morte de Elizabeth I, pois essa não deixou herdeiros, sendo substituída por seu primo, Jaime Stuart, conhecido pela centralização política e perseguição de seus opositores calvinistas. Seu sucessor, Carlos I, entrou em conflito com os calvinistas escoceses, com o próprio Parlamento e a pequena nobreza puritana, liderada pó Oliver Cromwell. Após o término do conflito, ele foi decapitado e Cromwell passou a comandar o Parlamento.
O período em que Cromwell esteve a frente do poder político inglês, a monarquia esteve afastada. Entretanto, Cromwell tornou-se ditador e, apesar garantir certo crescimento econômico com sua política econômica mercantilista aliada aos burgueses, pouca atenção dava aos problemas sociais. 


Pouco tempo depois novamente a dinastia Stuart assume novamente o poder, porém, o Parlamento depõe Jaime II, sendo o trono assumido por Mary Stuart e Guilherme de Orange, que assina a Petição de Direitos. O poder real é então restringido e o capitalismo consolida-se na Inglaterra com a ascensão da burguesia. Esse movimento final ficou conhecido como Revolução Gloriosa, pois nenhuma gota de sangue fora derramada.

6 O MERCANTILISMO

O mercantilismo é um conjunto de ideias e práticas econômicas desenvolvido pelos Estados absolutistas europeus. Acumular metais preciosos era uma dessas práticas, pois o ouro e a prata erma excelentes para cunhar moedas e eram aceitos em todo o mundo.


As características do mercantilismo foram:
- metalismo: acumular metais preciosos. Um país só era considerado rico se possuísse boas reservas;
- balança comercial favorável: países que não dispunham de fontes de metais precisavam exportar mais e importar menos;
- protecionismo alfandegário: o Estado criava impostos que protegiam a produção interna em detrimento do comércio externo, ou seja, o que vinha de fora tinha que ser mais caro do que o produzido dentro do país;
- pacto colonial: era um monopólio que garantia que apenas a metrópole comercializasse com a colônia, o que garantia a riqueza apenas a ela.
Ainda assim, cada país desenvolveu o seu sistema: a França teve o industrialismo e o colbertismo, nos quais o Estado incentivava as manufaturas; os Países Baixos criaram o comercialismo, voltado às parcerias Estado e comerciantes; a Inglaterra por outro lado, uniu os dois sistemas; Espanha e Portugal desenvolveram o colonialismo, devido ao seu vasto império colonial pós-Grandes Navegações. Contudo, como não investiram em manufaturas, no século XVIII entraram em declínio econômico ao exaurirem suas minas.

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Um comentário:

  1. MANOLO... LUTERO ERA BEM FEINHO HEIN??? MAS A SÍNTESE ESTÁ BEM ELABORADA, E SE ALGUM ALUNO NÃO TIRAR UMA NOTA BOA NA SUA PROVA, É UM BURRO PREGUIÇOSO MESMO.

    DEPOIS DE LER O COMENTÁRIO, PASSA LÁ:
    http://thebigdogtales.blogspot.com/2011/09/o-monge-e-o-licantropo-3-parte.html

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