Recentemente no nosso movimento da categoria de
professores da Santa Catarina me chamou muito a atenção uma bandeira inscrita:
“SOS EDUCAÇÃO”. Pensei muito sobre e conclui que a bandeira está errada. O
“SOS” não é pela educação, é pelo professor, é pela professora...
Me enche de raiva o coração, porque de tristeza não dá
mais. Aliás, eu não sei ao certo qual sentimento ruim se apossa do meu ser
quando assisto nosso secretário da educação falando na tevê. Muito menos quando
ouço a própria tevê. Não, não ela, mas um comentarista que cedo nos brinda com
pérolas sobre o magistério catarinense. Faltam-lhe informações, creio eu, ou no
mínimo boa vontade (seria má fé?). Como, exemplo do que fora dito uns dias
atrás: “um professor é contratado por 40 horas e trabalha 10”; “como pode um
professor trabalhar por um período e ganhar por outro?”; “um professor trabalha
mais do que aquilo pelo que foi contratado”. Estranho não? É, confunde a todos.
Porém, o pior de tudo é o fato de sempre baterem na mesma tecla: “quem perde
com tudo isso é o aluno, que é o elo mais frágil...” E o professor e a
professora, é ainda algum elo?
É por isso que digo, quem pede “SOS” não é a educação,
somos nós, professores e professoras. É, nós que trabalhamos doentes, afinal,
um ACT não pode pegar atestado com mais de um dia. Nós que distribuímos o livro
didático para os alunos rodopiarem no dedo, jogarem no chão, perderem ou nem
sequer levar para casa. Ou levam e nunca mais tocam nele.
Há professores ruins? Ah, para com isso! Profissionais
ruins há em qualquer profissão. Há alunos ruins? Claro que há, quem seria louco
de dizer que todos são bons? Entretanto, há muitos e muitos bons alunos e
alunas. Quando cheguei à escola ontem vários alunos e várias alunas vieram me
perguntar como eu estava, se estava tudo bem (sofri um pequeno acidente semana
passada). Essa atenção e carinho não tem preço e nenhum governo consegue
mensurar o quanto isso é importante e precioso! Agora, um governo que diz que
vai melhorar a vida do professor ACT, por exemplo, economizando 40 milhões
mensais do FUNDEB, está preocupado com educação ou escola? Desde quando
educação é gasto???? Acordem, educação é investimento!
Quer saber o quanto a educação está precarizada? Pergunte
em qualquer sala de aula quem quer ser professor.
Pra resumir: fizemos uma greve gigante em 2011 pelo
cumprimento de uma lei que o governo de Santa Catarina foi contra em 2008, em
2009 e em 2010. Não a cumpriu na sua totalidade em 2011 nem a cumpre ainda.
Milhares de alunos tiveram aprovação automática e agora temos dificuldades em
sala de aula. Eu não quero apenas um salário melhor, eu quero uma perspectiva
de melhorias para minha carreira, para minha profissão e para a sala de aula.
Esforço-me para fazer a minha parte e o que ganhamos em troca? Tirania, da
mídia e do governo.
É um desabafo de um professor, já se tornou um lugar-comum
este tipo de desabafo. Enquanto havê-los, a educação, o professor, a escola
estarão pedindo SOS...
(texto do início do mês de março)
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