Conversava
eu num dia desses com um amigo sobre a qualificação de nossos candidatos a
representação política. Dizia-lhe que era preciso qualificarmos nossos
candidatos, quem sabe até mesmo um concurso para saber quem será considerado
“apto” ao pleito, algo complicado, polêmico. Então ele oferece uma ideia, a de
qualificar os eleitores! Bingo! Eis a consideração.
As
perguntas continuavam em nossa conversa e para cada resposta outra dúvida. Meu
amigo, uma pessoa capaz, que sabe utilizar a sua inteligência, censurado pelo
próprio partido por fazer campanha e postagens anticorrupção! Como pode um
partido se querer sério e pleitear o poder em uma administração municipal se
censura os seus pares por serem mais livres que as marionetes a que estão
acostumados? Eu não preciso dizer o nome do partido, isso pouco importa na
verdade. Em cada um deles há uma demagogia insana, uma hipocrisia enraizada no habitus de seus componentes, sejam eles cargos
efetivos ou de confiança dentro ou fora da administração municipal ou estadual.
As nossas piscinas estão mesmo cheias de ratos...
Política
e educação
Neutralidade
é uma palavra cara a todas às ciências, um subterfúgio criado, pode-se dizer,
para eximir o cientista das consequências de suas pesquisas, embora eu não compactue
totalmente com essa forma de pensar. Na ciência pedagógica, por outro lado, a
neutralidade é um fantasma que muitos acreditam existir, embora saibamos que
não exista. A questão é posta acima, como formar melhores eleitores? Oras, na
escola?! Seria a escola o único lugar do aprendizado? Obviamente não.
Educação,
já diz o ditado, vem de casa, porém a casa também recebe educação. Quem educa a
casa, o lar? Quem educa pais e mães exauridos por uma jornada de trabalho, às
vezes dupla ou tripla, que chegam em suas casas prontos para tomar um banho e
descansar para se preparar novamente para outro dia extenuante de trabalho? E
antes que alguém comece a dizer que “na minha época a gente dava conta”, é
preciso recordar que sua época já acabou, assim como a minha também. Não estou
desdenhando o passado, muito pelo contrário. O que não podemos é voltar a
pensar que se deve viver para trabalhar, pois o trabalho pode ser uma coisa
boa, mas também é origem de muitos males de nossa saúde.
Nossas
casas sofrem influência direta dos meios de comunicação de massa, da
programação televisiva, radiofônica e atualmente das redes sociais, da internet
tão presente em nossas rodas de bate-papo e dispositivos celulares. Estamos
conectados umbilicalmente com a informação via mundo digital e a oferta é
tamanha que mal conseguimos produzir um conhecimento novo com tanta informação
que nos é jogada diariamente.
Com
tanta informação sendo oferecida aos quatro ventos a cada instante, cabe à
educação escolar um papel importante, tão importante que, num país que se quer
de primeiro mundo – e eu sempre tive minhas dúvidas sobre isso – a educação
escolar é sempre a que mais sofre. A escola é um elo corroído pelo tempo, pelo
desgaste político de décadas e por um descaso institucionalizado em cada novo
governo.
Reza-se
uma cantilena que temos escolas do século XIX com professores do século XX
trabalhando com alunos do século XXI. Há, contudo, muita discordância com essa
verborragia. As mentes do século XXI estão empanturradas de informações rápidas
que jamais conseguirão digerir por completo e não há aula ou professor que
estimule quem não quer ser estimulado, isso é fato (coisa que não gosto de
dizer...). Investir em educação é um gasto quando se pensa apenas em investir
na escola sendo que, como já vimos, educação não é apenas na escola que
acontece (aqui outro ponto para um debate maior).
Melhores
eleitores surgem de melhores cidadãos, estes surgem nas escolas, mas não apenas
nelas. Contudo, da forma como pensam em tratar as escolas e professores,
retornaremos à cantilena citada acima sem muito esforço. É preciso ensinar as
pessoas a pensarem por conta própria, a serem livres como sujeitos na busca por
um mundo melhor onde se possa vislumbrar a paz individual e coletiva, algo bem
distante desses acessos de raiva e ódio baseados no medo que se postula pelas
redes sociais.
Educação,
política e meio ambiente
Já
dizia o filósofo Rousseau, que a criança deve ser educada para ser um cidadão.
Ele também alertava que antes desse cidadão a natureza nos chama a Ser, a ser
mais do que um cidadão acorrentado aos ditames da política nefasta e hipócrita
que permeia nosso cotidiano.
Ontem
pela tarde pude, com muita tristeza, vislumbrar uma cena lastimável sobre nosso
rio Mãe Luzia. Da passarela via-se logo abaixo em suas águas sacos de lixo
espalhados nas pedras, misturando-se ao limo que teima em sobreviver naquela
água ácida. Por mais de cem metros em seu leito via-se lixo espalhado e não
consigo sequer imaginar como foram parar lá. Juntamente a esse lixo pairava uma
camada de gosma, talvez gordura de origem animal que se espalhava desde uns 300
metros antes da ponte até pouco além da passarela.
O
descuido com nosso meio ambiente está diretamente relacionado com nossas
práticas educativas, escolares e familiares, e também com nossas práticas
políticas. Quantas e quantas vezes vimos alguma administração municipal
preocupada com o meio ambiente? Talvez na década de 1990, como atestam alguns
jornais da época (uma pesquisa rápida no Museu Anton Eyng e você encontra).
Aliás, por se falar em museu, em cultura, este é outro pilar de nossa sociedade
que está ruindo, abandonado...
Qual
é a preocupação de nossos postulantes aos cargos políticos quanto ao meio
ambiente? Ficaremos ainda nas eternas boas intenções sem resultados práticos
imediatos? Ainda permitir-se-á que se construam edifícios às margens sufocadas
de nossos rios? Ainda será permitido o esgoto ser jogado diretamente em nosso
rio Mãe Luzia? Ainda teremos o nosso verde sendo surrupiado sem planejamento
sustentável no ambiente urbano que se urbaniza cada dia mais? Até quando
Forquilhinha vai aguentar crescer sem se desenvolver?
Finalizando...
E
você, candidato e candidata a vereança, sabe realmente qual será sua função se
eleito ou eleita? Você, candidato e candidata a vereador ou vereadora, seria
ainda candidato ou candidata se seu salário fosse disciplinado pelo piso
salarial dos professores? Seria ainda candidato ou candidata se recebesse
apenas um salário mínimo? Você, candidato a vereador, candidata a vereadora, conhece
a ideologia de seu partido político? Você sabe o significado ideológico e
prático de sua sigla? Você sabe, caro candidato, cara candidata, que para
legislar é necessário muita leitura? Você lê com que frequência? Sabe que ser
vereador ou vereadora não é arranjar
exames de saúde ou caminhões de terra? Sabe que legislar significa olhar para o
todo, para o coletivo, para além de suas convicções pessoais?
Se
você que é candidato ou candidata não sabe de coisas básicas assim, deveria
saber, deve saber. Se eleito ou eleita, procure se informar mais sobre essas
coisas. Respeite a confiança dos votos recebidos e trabalhe com seus eleitores
para que eles sejam melhores também e aprendam a não se vender. Há uma frase do
Barão de Itararé que diz mais ou menos assim: “Quem se vende recebe mais do que
vale”. É para pensar mesmo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário