sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Moradores de rua: culpa de quem?



Lembro-me de uma situação bem diferente na minha infância. Década de 1980, eu deveria ter uns 6 anos de idade. O porão de minha casa ainda era de chão batido. No bar ao lado (que teve tantos donos que nem me recordo quem era na época) um homem negro, muito grande dormia na calçada. Seria só mais um bêbado para nós, coisa comum na pequeníssima Forquilhinha daqueles tempos (ainda éramos distrito de Criciúma). Porém, o homem era do Rio Grande do Sul e estava por ali, não sei o porquê. Meu pai, sensibilizado com a cena, resolveu oferecer abrigo aquele total desconhecido. Para tanto arrumou um "cama" para ele no porão. Minha mãe não gostou muito. Foi algo que nunca esqueci, pois o homem era muito parecido com o ator Tony Tornado.

Essa foi a primeira vez que vi meu pai fazer isso. Ele nunca negou auxílio a mendigos, andarilhos, bêbados que vivem na rua. Meu pai teve uma vida difícil de agricultor pobre do interior, sabe o quanto as pessoas precisam umas das outras para sobreviver. 

Em outra ocasião, numa saída da faculdade à cidade de Porto Alegre em julho de 2004, me deparo com uma cena triste: um velho com seus membros atrofiados e totalmente maltrapilho tentatva atravessar a rua no sinal vermelho em meio à multidão. Na verdade ele se arrastava, pois era aleijado. As pessoas ao seu redor pouca atenção demonstraram a cena. A cidade grande endurece corações. Eis a banalização diária da vida! 

Dizem os funcionalistas que na vida em sociedade tudo e todos têm uma função. E qual seria a função da pobreza e da miséria então? Recordo de uma cena de uma novela (não assisto novela, foi há muito tempo) na qual o pai e mãe levavam seus filhos para conhecer a vida dos mendicantes. Sua filha era uma "patricinha" e o pai queria lhe dar uma lição. Apontando para os "indigentes" que se amontoavam ela perguntava: "Você quer ser como eles? Pois se não quiser trate de estudar, respeitar seus pais e trabalhar e batalhar muito! Caso contrário você estará lá com eles no seu futuro." Só muito tempo depois fui entender como isso tem a ver com a ideia de que tudo tem uma função, inclusive a miséria: ou você trabalha e estudam sua muito, batalha, ou a rua será o teu fim. Uma boa forma de dominação, como diria o personagem do filme "Cronicamente inviável".

Enquanto uns lutam, outros sucumbem. Porém, muitos continuam a ser aquilo que homens e mulheres de pompa e elegância chama de escória da sociedade. Poderemos realmente ser chamados de civilizados enquanto permitimos a existência de moradores de rua? Fica a  dúvida...
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

sábado, 10 de novembro de 2012

Aula/Atividade - tema: Direitos, Cidadania e Movimentos Sociais

Esta atividade é dirigida aos meus alunos do 2º ano do Ensino Médio da EEB. Luiz Tramontin, Santa Isabel, Forquilhinha.
Esta atividade deve ser feita em dupla e ser entregue até o prazo final do dia 22 de novembro (digitado ou feito a mão mesmo). No final vocês têm cinco questões a serem feitas. Aproveitem os links, pesquisem, assistam aos vídeos e caprichem nas respostas!

Valeu!

O que são direitos?


Para começo de conversa, precisamos recordar de nossas aulas em sala sobre a história dos direitos e da cidadania, de como esses conceitos se desenvolveram no decorrer do tempo. Precisamos lembrar também o que são direitos civis, direitos sociais e direitos políticos. Porém, como temos todo esse universo virtual para nos "divertimos", que tal aprender um pouco mais antes de irmos às tarefas?
Nesse site você encontra uma boa definição do que são os direitos. É só clicar aqui e seguir o link.

Abaixo uma vídeo aula da USP sobre a qualidade da democracia:


 

E agora, que tal vermos um pouco quais são nosso direitos e deveres?

Primeiro, devemos ter em mente que os direitos e deveres estão diretamente ligados ao tema da cidadania. "Cidadão é aquele que se identifica culturalmente como parte de um território, usufrui dos direitos e cumpre os deveres estabelecidos em lei. Ou seja, exercer a cidadania é ter consciência de suas obrigações e lutar para que o que é justo e correto seja colocado em prática". Para ler um pouco mais sobre seus direitos e deveres, você pode consultar o site do Portal Brasil neste link.

Nosso outro tema gira em torno dos movimentos sociais. Para Maria da Glória Gohn conceitua-se que “(…) movimentos sociais são ações coletivas de caráter sociopolítico, construídas por atores sociais pertencentes a diferentes classes e camadas sociais. Eles politizam suas demandas e criam um campo político de força social na sociedade civil. Você pode continuar a leitura sobre os movimentos socias no seguinte site.

Um bom vídeo que serve para entedermos um pouco os movimentos sociais e a luta pelos direitos é o documentário "Atrás da porta", que segue abaixo.




Você também pode assistir as outras partes do documentário no próprio youtube. Trata-se de uma experiência bem elucidativa. E para não passar em branco esta nossa atividade, nada melhor do que assistir uma vídeo montagem com a excelente música de Zé Geraldo, "Milho aos pombos":



A partir de nossas discussões em sala de aula e dos temas aqui estudados, vocês, meus alunos e alunas, podem resolver as questões a seguir:

1. Na abertura do documentário "Atrás da porta" aparece a seguinte frase: "a propriedade servirá sua função social", presente na constituição brasileira. Se a constituição é nossa lei maior, como o direito  à moradia é negado para milhares de famílias? O movimento dos sem-teto têm alguma  legitimidade? Responda as questões tendo por princípio a ideia de direito à propriedade e também direito à moradia (se quiser leia esse site e este outro que trazem uma interessante contribuição a ideia de função social da propriedade).

2. Analise a imagem abaixo tendo por base nossas discussões sobre cidadania, direitos e democracia. A partir dela, elabore uma charge sobre as questões estudadas.



3. Os movimentos sociais estão presentes em todos os lugares, inclusive em nossa região e Estado. Faça uma pesquisa sobre os principais movimentos sociais da atualidade em nosso estado e região e descreva como é sua atuação, como são vistos pela sociedade e quais resultados já obtiveram em suas lutas. (Uma dica importante é pesquisar junto aos sindicatos organizados, as Ong's e outras entidades. Você pode encontrar ativistas nas redes sociais como o facebook, por exemplo).

4. Se você se optasse por aderir a luta em um movimento social, qual seria a causa (ou causas) que mais lhe chamam a atenção? Você se engajaria no movimento? Porque, na sua opinião, as pessoas preferem "dar milho aos pombos" do que lutar pelos seus direitos?

5. Um movimento recente e muito importante foi a greve dos professores da rede pública estadual catarinense do ano passado, 2011. Entreviste um professor ou professora da sua escola que teve participação no movimento e questione-lhe sobre as dificuldades da greve. Elabore questões que tenham relação com nosso objeto de estudo - direitos, cidadania e movimentos sociais - e elabore uma redação a apartir de sua entrevista.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Mãe Luzia: o lamúrio silencioso de um rio

Rio Mãe Luzia, outrora leito de vida, hoje reflexo do progresso desenfreado. Antes um rio onde caboclos tiravam o seu sustento quando os primeiros imigrantes aqui chegaram. Um rio que doou ao município o seu nome devido ao seu encontro com outro rio, o São Bento. Do encontro, a "forca" formada, um diminutivo: forquilha. Somaram um afetivo, virou "forquilhinha". Assim, os alemães e italianos, seus descendentes, adotaram esse nome.

Rio Mãe Luzia, barreira natural a separar os primeiros colonizadores? Ou ponto para o descanso de dias pesados na lida da agricultura? 

Rio Mãe Luzia, antigo manacial de vida! Quantos peixes, quantas espécies... Hoje, quanto lixo, quanto desprezo!

Abaixo trago-lhes algumas fotos desse que deveria ser um ponto para o nosso lazer nos quentes dias de verão...


Essa imagem reflete muito bem o que é o rio Mãe Luzia hoje. Seu leito mudou bastante nas duas últimas décadas. Resultado das constanets cheias. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Não me recordo de ter visto o Mãe Luzia com nível tão baixo como nesse ano de 2012. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

A mata ciliar ainda se faz presente, todavia, se percebe manchas que sugerem gordura ou outro elemento químico na água. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

"Mancha" na água. Seria gordura? Ao lado funciona um frigorífico. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12.

Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Dois marrecos (ou seriam patinhos?) que cliquei na água do rio. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Onde antes sempre víamos água corredo, vemos vegetação surgindo. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Idem. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Aqui percebe-se o leito pedregoso do rio. Há quinze anos atrás via-se a água correndo por ali. O movimento natural vai desenhando novos caminhos para o Mãe Luzia. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

O esgoto do centro da cidade sendo despejado no rio. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

A ponte de ferro construída no loca da antiga ponte de ferro. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Essa visão do outro lado ponte nos revela uma grande praia de pedras com a tonalidade alaranjada. O enxofre dos dejetos da mineração. A água escura devido aos metais pesados e a própria vegetação ciliar que ainda teima em resistir. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Outra grande mancha na água. Meu pai trabalhou na construção dessa ponte. Ele me conta que no local havia poços de três metros de profundidade. Hoje, água rasa. Mas, e essa poluição? Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Cresci vendo as ruínas dos pilares da antiga ponte de ferro que ruiu na década de 1980. Eles se localizavam exatamente abaixo da passarela metálica. Recentemente a prefeitura destruiu aquelas ruínas. O motivo eu não sei, nem imagino. Mas a pergunta que ficou foi: porquê? Atrapalhava alguma coisa? Acredito que não. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

O quero-quero em meio ao "limo" da água poluída. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Ao fundo há outro despejo de esgoto do centro da cidade. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Mancha de poluição na água. Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12

Foto: Wagner Fonseca, 08/11/12


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...