segunda-feira, 30 de maio de 2011

Educação, greve, esperança... meu desabafo


Ainda lembro do dia 11 de maio quando aquela multidão se reuniu em Florianópolis. Questionei meus alunos qual era a capital do nosso Estado e, o que não é novidade, alguns não sabiam que era Floripa. Pior, primeiro ano do Ensino Médio. Por aí já se pode entender como está nossa educação, aquela mesma que o governo fala no comercial do IDEB. Quando falamos que o Estado de Santa Catarina é um dos mais ricos do Brasil, os alunos questionam porque nossas escolas são tão ruins. Ainda lembro daquele 11 de maio...

Havia no ar um quê de magia, como se todos ali presentes pensassem: “Ei, na certa o governo vai cumprir a lei, porque os outros Estados já estão a cumprir.” Nos mesmos olhares e feições pairava a certeza de que seríamos atendidos, afinal, estávamos lá por causa de uma lei federal! A mesma que ficou travada na justiça por dois longos anos! Por isso éramos tantos: estávamos cansados de esperar. Quando interrogado por meus alunos se eu aderiria à greve, era taxativo: “Estou trabalhando desde o dia primeiro de fevereiro, quarenta aulas por semana, e nem sei o quanto é meu salário, pois ainda não recebi corretamente.”

E lá estava eu rumo a capital do Estado...

Os olhares...

As vontades...

A esperança se espalhava no ar... Mas ela virou revolta! Indignação! Frustração!

A greve estava montada e não havia como escapar, era necessário lutar para garantir que uma lei fosse cumprida. A esperança começou a se dissipar no ar quando policiais tentavam impedir a marcha dos professores, os mesmo policiais que nos criticavam enquanto ignorantes transeuntes debochavam de meus colegas: “Se não estão contentes com a situação de vocês, porque não trocam de profissão!?” Talvez seja por ainda haver ignorantes assim que continuamos a lutar!

Ao voltar para as escolas que leciono expliquei aos meus alunos que seria preciso a greve ter uma adesão muito grande, para que fosse rápida, pois o governo tem a obrigação de atender os nossos pedidos! Para nossa grande surpresa, a greve começa forte, como há muito não se via! Isso era até esperado, pois o governo simplesmente ignorou a capacidade dos nossos mestres e nenhum de nós prefere a greve ao trabalho, a não ser os incompetentes, mas esses existem em qualquer profissão.

E o governo nos acenou uma proposta, quer dizer, uma provocação, e foi até a televisão numa tentativa de nos desmobilizar, de nos dissuadir e pôr o povo contra os professores. Foi um tiro no pé. A greve que já passava dos 80% de adesão, passou para mais de 90%, o número de professores revoltados com um governo que pouco se importa com a educação.

Em nossas manifestações percebo que muitos professores e professoras são até mais novos que eu (e eu sou novo ainda, trinta anos completos em maio desse ano) e por isso sua luta é mais importante. Ao nosso lado professoras e professores que já conseguem vislumbrar uma aposentadoria. Todos em conjunto brigando pelo próprio futuro.

Até hoje, 30 de maio, eu tinha esperança, mas ela começa a desmoronar drasticamente. Nosso governador não mostra sinal algum de se solidarizar com nossa situação, limitando-se a repetir o que já nos disseram seus papagaios de pirata: “O governo não tem dinheiro para a educação!” Então, há dinheiro para que? Para os guarda-roupas que se transformaram as secretarias regionais, pois são verdadeiros cabides! Dinheiro para deputado inepto? Aposentado?

No orkut e msn os alunos aparecem a todo instante perguntando quando a greve vai acabar e me enraivece dizer-lhes que não sei.

Mas nosso governo é muito inteligente, pretendem vencer os professores pelo cansaço, colocando o povo contra nós, a começar pelos alunos que não querem estudar aos sábados para pagar os dias parados. Aos alunos, quero lhes dizer que fiz minha pós-graduação desde setembro de 2007 até junho de 2009 aos sábados. Quarenta aulas semanais, meu ritmo de trabalho (forçado), e mais dez horas de aula qause todo sábado...

É muito? Em novembro de 2009 iniciei outra faculdade. Horário: todo sábado (T-O-D-O-S-Á-B-A-D-O), manhã e tarde. É muito? Então tá, tda sexta-feira, tarde e noite. E vai até dezembro de 2013. E posso reclamar? Nem devo, pois o governo está me pagando para estudar justamente para que eu seja um professor mais qualificado e possa oferecer o melhor para meus alunos. Ah, e meu salário não vai aumentar por causa disso.

Alguns alunos começam a reclamar dos dias parados em casa. Oras, quando em sala vivem a reclamar da escola?! E quantos dias todo início de ano faltam professores na escola por pura incompetência do sistema educacional catarinense? E porque isso acontece? Por que  importante é que o aluno esteja na escola, não precisa estar aprendendo.

Bem, eu já aprendi: vou me esforçar para conclui essa minha segunda graduação, fazer um mestrado e tentar lecionar em alguma faculdade ou quem sabe ir para a rede privada de educação. Infelizmente terei que abandonar aqueles a quem jurei dedicar os meus conhecimentos, aqueles filhos e filhas da classe operária, meus amigos, vizinhos, conhecidos.

Hoje começo a ter vergonha de ser catarinense. Nossos governantes, seus partidos, não querem o melhor para Santa Catarina. Aqui as pessoas não estão em primeiro lugar.

É provavel que essa greve comece a perder sua força, os professores se entregarão porque o governo vai nos cansar e cada vez mais colocar o povo contra nós. Voltaremos derrotados para as salas de aula, mais derrotados do que nunca. Nossas aulas piorarão e, se hoje o número dos que querem ser professor tem decaido vertiginosamente, cairá mais ainda.

As salas de aula estarão cada dia mais próximas daquilo que não deveriam ser. Professores acuados, retidos, amedrontados, sem ânimo. Os bons profissionais descartarão a carreira do magistério. Sobrarão aqueles que não tem mais para onde fugir, mas também não tem mais forças para lutar. E quando a situação estiver realmente caótica, o Estado dará o golpe final: privatizar a rede pública de ensino!

Quem sabe assim as coisas funcionem e o reino da meritocracia ditará a vida de todos. Viverão apenas os melhores! "Melhores", em grego, 'aristoi', o contrário da democracia, do exercício da liberdade, da felicidade, da responsabilidade.

Infelizmente, nosso governo decreta-se a si mesmo inimigo da educação. É uma pena que seja muito caro educar as crianças e adolescentes. Eu sempre pensei que fosse mais caro construir presídios. Na verdade, pensemos bem... Deve ser muito difícil para quem é rico ficar sempre preocupado que pode ser roubado, sequestrado, assassinado, estuprado. Por que é isso que acontece por não haver igualdade social, não haver educação de qualidade.

E de que adianta oferecer educação quando video-games violentos são mais interessantes? Futilidades da internet são interessantes? Novelas, seriados idiotas, modinhas musicais, filmes e livros vazios, sexismos e erotismos exorbitantes. Tudo que  televisão, rádio, internet faz é transformar nossas crianças e jovens em imbecis sem personalidade. De que adianta mesmo investir em educação?

É preciso um Estado forte, centralizado, autoritário para mandar todos os criminosos para cadeia, culpá-los mesmo que inocentes e então construíremos nossos condomínios cercados com muros altos e grades e cercas elétricas para garantir nossa segurança dos pobres e analfabetos, os mesmo que construíram nossas casas!!!!

Eu gostaria de escrever mais. Me nego. E mesmo sem querer vislumbro o fim da esperança. De todos aqueles olhares e feições do dia 11 de maio. Ainda vou ficar com os olhares e gritos de revolta.

Cheguei a pensar que seria forte para lutar contra aqueles que querem destruir o amanhã, mas eles são mais ardilosos. É por isso que as pessoas pegam em armas e fazem a revolução. É por isso que indivíduos solitários tiram a vida cruelmente de tantos imbecis que acham que suas gravatas e ternos lhes garantem alguma autoridade. Porque os destruidores do amanhã são fortes, são rastejantes, e tem força para destruir o futuro. Porque o passado lhes pertence, o conhecimento lhes pertence, o mesmo conhecimento que negam aos jovens que podem criar um verdadeiro futuro melhor.

E assim esvazia-se mais uma vez o arcabouço teórico de toda profundidade dos nossos discursos inflamados de coragem e ousadia pelo futuro.

Somos mestres, professores, não somos homens-bombas.

Somos professores: não somos mais guerreiros, somos as vítimas. Caçados pelo povo, devorados pelo governo.

Me desculpe meus colegas e amigos de profissão. Mas não há como não se indignar com um governo tão espúrio. Há mais de 30 anos nosso Estado é governado por esse partidos que se perpetuam no poder e pouco se importam com nossa educação.

Ignorância é meta a ser atingida.
Violência é diploma de graduação.

Nadamos muito até aqui, mas nosso paraíso tropical já foi comprado por particulares...

Professor Wagner Fonseca, 30 de maio de 2011... envergonhado de ser catarinense com esses governantes tão infelizes...

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quinta-feira, 26 de maio de 2011

Educação: um novo desabafo


O texto a seguir foi retirado do blog do Moacir Pereira, colunista da RBS/SC



Professora Marina Melz envia e-mail com desabafo sobre a dramática situação da educação catarinense.
“Moacir: Já assisti algumas palestras suas e sou uma grande admiradora do seu trabalho, especialmente nesta questão da educação.
Sei que vocês estão por dentro da questão da greve dos professores e, como cidadã, agradeço. O movimento pode estar perdendo força e eu que nem sindicalista sou sinto por isso. No entanto, gostaria de sugerir uma pauta talvez ousada.
Gostaria de informar pra vocês algumas coisas que, que eu tenha visto, não foram divulgadas na mídia e são, nada mais nada menos, do que a realidade dos profissionais da educação em Santa Catarina.
Em primeiro lugar (e isso sim, já bastante divulgado) é uma grande contradição que o profissional da educação que é graduado, pós-graduado ou com qualquer outra titulação tenha um salário similar aos que tem apenas o magistério (nível segundo grau). Vamos ao exemplo: uma professora pós-graduada está em sala de aula e tem duas estagiárias trabalhando com ela. Quem prepara a aula, corrige trabalhos e, de fato, ensina, é a professora. Mais do que isso, ela tem a incrível missão de formar estes novos professores, ensinando as posturas de sala de aula. No entanto, segundo o projeto de lei apresentado pelo governo do estado, eles teriam o mesmo salário ou com uma diferença que não paga a alimentação de todos os dias.
E falando em alimentação, pouca gente sabe mas, desde que foi implementado, o vale alimentação para os professores estaduais não teve NENHUM reajuste. Isso quer dizer que os professores ganham R$ 6,00 diários. Entre si, eles chamam este grande benefício de vale-coxinha. Há professores, por exemplo, que trabalham 60 horas (de manhã, de tarde e a noite) e passam o dia se alimentando com este valor. E, claro, não podem comer a merenda escolar. Ela vai pro lixo, mas não pode ser tocada pelos professores.Como se não bastasse, em dias de atestado médico ou de licença, este valor não é pago.
Outra das boas curiosidades é que os professores daquele que já foi o maior colégio público de Santa Catarina, o Pedro II, precisam levar café e açúcar, caso queiram tomar o café. Imaginem vocês chegando ao jornal com um rolo de papel higiênico na bolsa porque o jornal não oferece. É o que acontece, literalmente. A direção da escola tem feito rifas para fazer os reparos necessários na escola. Esmolam doações para estas rifas. Se vocês entrarem na escola, verão ares-condicionados ‘gentilmente’ enviados pelo Governo Estadual nas caixas, porque a escola não tem estrutura elétrica para a instalação e muito menos dinheiro para reparos.
Outra Lei que está sendo descumprida é a dos ACTS (Contratados em caráter temporário) não devem responder por 40% do quadro de professores que o Governo precisa realizar um concurso público. No Estado, já passa de 50%. Para o Governo Estadual é excelente, já que os ACTS não tem plano de saúde e outros direitos concedidos aos professores efetivos. A nova ameaça é que os ACTS que estão em greve não serão contratados no próximo ano. No entanto, não há professores suficientes. Como já comentei com alguns colegas acompanhei uma pessoa que nem um semestre de faculdade tinha, nenhum documento ou prova de formação, ser escolhido para ministrar aulas de inglês. O que ele fez foi dizer que sabia. Os quadros estão incompletos até hoje. Há professores de física dando aula de filosofia. Tudo para manter os alunos em sala de aula, ocupados. Sem falar dos filmes que são exibidos enquanto não há professores. Sabe o ginásio de esportes? É o paradeiro de turmas inteiras que não tem professor. A ordem é fingir que estão aprendendo.
As licenças-prêmio são verdadeiros castigos. Segundo a lei, a cada cinco anos em sala de aula, os professores tem direito a três meses de licença como bonificação. A verdadeira bonificação é a fome, já que o vale alimentação desta época é cancelado. Além de outros benefícios. Reduz em cerca de 25% a remuneração. Pra quem já ganha pouco, 25% é um rombo – vocês já foram apenas jornalistas, sabem disso. É comum também o boicote a este benefício, já que o governo não tem professores para colocar em sala de aula. Por exemplo, conheço uma professora que está tentando tirar esta licença há DOIS ANOS. Ela soma TRÊS licenças acumuladas. E não pode tirar porque não há substitutos.
Enquanto a meta do Ministério da Educação para os próximos dez anos é tornar atrativa a carreira de professor, para atrair bons profissionais, em Santa Catarina esta é a realidade da educação.
Repito, não sou sindicalista nem tenho nenhum tipo de relação com o Sinte. Sou uma cidadã – por sorte ou azar, jornalista – que não se conforma com pessoas que não entendem e não valorizam a legitimidade dos protestos. Muita gente pensa que o problema é o salário, sem perceber que ele é apenas a ponta do iceberg.
Desculpem pelo desabafo. Tenho certeza que vocês saberão ouvir como bons profissionais que são. Qualquer coisa, me liguem a qualquer horário. Maria Melz.”


Então, eu como professor ACT conheço essa situação bem de perto e posso garantir a sua veracidade...
Que educação queremos?
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terça-feira, 24 de maio de 2011

GREVE DOS PROFESSORES DE SANTA CATARINA

Segue algumas imagens da grande concentração de hoje a tarde que reuniu mais de 600 profissionais da educação da rede pública estadual de ensino da regional de Criciúma:

















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A repercussão da professora Amanda Gurgel

Pois é, não demorou para o ataque acontecer. Aliás, contra-ataque, uma vez que as palavras do blog de Thaysa Galvão foram direcionadas à pessoa de Amanda Gurgel, a professora do Rio Grande do Norte que virou mania nacional após deflagar escancaradamente a nossa situação de professores na rede pública  de ensino do Brasil.

Se eu não fosse professor, até ficaria com um pé atrás, mas não consigo ficar indiferente ao que se passa. Ao ler as palavras no blog desqualificando a ousadia de uma professora que falou em nome de todos os professores do Brasil, a raiva em subiu e muito à cabeça.

Tentei reagir e redigi um comentário no blog, mas pelo visto ele não foi aceito pela autora. NO meu blog você escreve o que quer, não precisa de minha aprovação, somente do seu bom senso e responsabilidade.

Incrível como aqueles que dominam esse país e os que os representam conseguem sempre desvirtuar o foco das atenções.

Independente do que tenha sido escrito por Thaysa em seu blog, a professora Amanda foi no Faustão e falou lá. Não que eu dê realmente muita importância ao fato. Todavia, o fato é: a rede globo deu espaço para uma militante do PSTU!!

Eu tenho amigos no PSTU, sempre me convidam para fazer parte do partido, mas não é minha praia. Sou muito anarquista para entrar num partido.

E a fala da professora Amanda é justamente aquilo porque nós passamos em sala de aula.
Se alguém duvida do que ela disse, venha conhecer nossas escolas||||

Segue o link abaixo para quem quiser ler o debate aqui.

Por uma educação melhor para todo o Brasil|||||| Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Por que estamos em greve?

Em julho de 2008 o presidente Lula sancionou a Lei Federal nº 11.738, a lei do piso salarial dos trabalhadores em educação. Os governos de Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina entraram com ação de inconstitucionalidade contra a Lei. Entretanto, em 16 de abril de 2011, o Supremo Tribunal Federal julgou a lei procedente, obrigando aos governos de Estados e municípios a pagarem o piso nacional da categoria, R$ 1.187,00. Contudo, esse valor refere-se ao vencimento do professor em início de carreira, que hoje em Santa Catarina é de R$ 609,00, o segundo mais baixo do Brasil, atrás apenas do Piauí, o Estado mais pobre da nação, ao passo que Santa Catarina é um dos mais ricos.

Nosso governo diz que não tem condições de pagar o piso e quer, através da implementação de abonos, pagar o piso. Isso vai contra o estipulado pelo STF, que foi enfático: PISO É VENCIMENTO, sem as eventuais gratificações. Além do piso, somam-se outras, como o percentual de hora atividade.

O que vem a ser a hora atividade?
Significa que cada professor terá que conceder 30% de sua carga horaria para efetuar aquele trabalho que leva para casa todos os dias: preparar aulas, avaliações, corrigir os mesmos, fazer leituras, atender alunos e pais, ler, estudar, ou seja, ter mais tempo para escola justamente para ter mais tempo para si mesmo.

Ou seja, no meu caso, trabalho 40 aulas, seriam 28 em sala de aula e as outras 12 para hora atividade, respeitando o salário.

Em resumo: temos a possibilidade de oferecer uma educação de qualidade, mas o governo estadual NEGA-SE A CUMPRIR A LEI FEDERAL!
PAGUE O PISO GOVERNO DE SANTA CATARINA! CUMPRA A LEI!

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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Outro selo do Licantropo Lillo Dogmez

Eita nóis...






Uma pena eu não ter tanto tempo para poder criar selos assim!!!

VALEU LILLO!!!!

Visita lá!

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domingo, 15 de maio de 2011

Eu devia, mas não sei



Wagner Fonseca, 14 de maio de 2011

Eu devia ter amado mais, eu sei, mas se o fizesse não teria o tempo que tive. Eu devia ter aproveitado mais, eu sei, mas se o fizesse não teria tantos arrependimentos. A gente deveria, talvez, se arrepender mais... por não tentar. A gente devia, e sempre soube disso.

A gente esquece que os minutos correm pra frente e sem querer a gente sente que nem é com a gente. A gente mente, surpreende e até se envolve com os problemas que não nos dizem respeito. E a gente sabe que é direito fazer de conta que o mundo não é problema nosso. O mundo não é problema nosso, a gente é um problema pro mundo.

Na verdade, eu não sei se realmente a gente devia caminhar na chuva ou sentir o frio da madrugada, principalmente se for com a pessoa amada. Eu devia me preocupar com aqueles que sentem falta da chuva, mas prefiro reclamar porque ela estragou meu fim de semana. Mas não sei se consigo ser tão bom assim. A gente devia abraçar quem ama no friozinho das três da madrugada, numa cama bem acolchoada, mas não sei se consigo pensar naqueles que dormem na calçada.

Eu devia me preocupar com o muro alto que ladeia minha bela casa, tão bela e tão escondida, mas que separa o pobre mendigo que dorme na rua. A gente devia ter mais coração, mas não sei se saberíamos usa-lo para o bem de todos, ou para o bem de cada um. A gente devia saber que cada um poderia ser com cada um, mas não sei se a gente conseguiria.

Eu devia, ah, eu devia, saber mais do que sei, fazer mais do faço, ser mais do que sou, mas não sei até onde eu iria.
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Manifestação pelo piso nacional dos professores!!!!

Quarta-feira, 11 de maio de 2011...cerca de 10 mil professores estiveram reunidos no CentroSul, em Florianópolis para exigir uma coisa bem simples: que o governo do Estado seja honrado e cumpra a lei que garante o piso nacional dos professores!

Para aqueles que acham que ainda somos desunidos, está na hora de provar a todos que somos mais!!!

Segue abaixo algumas fotos que realizei no dia:

A chegada depois de algumas horas de ônibus

O local lotado demonstrava que muito mais do que os 5 mil esperados estavam lá...

Nossa manifestação foi pacífica




O braço armado do Estado...é assim que o governo atende os professores...polícia é pra ladrão!!!



Na assembleia olhares de alguns deputados...

Até helicóptero para cobrir os professores...medo do governo?

Pelas ruas da capital


Secretaria da Educação... segundo fontes, eles naõ esperavam tantos professores...

Meus colegas professores, Rosi, Andréia, Beto e Ruth...todo em busca de uma educação melhor!!!!
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Selo do Lillo Dogmez

muito obrigado meu amigo!!!!
segue o link do http://thebigdogtales.blogspot.com/...o lobisômi sô!!!!

trago até aqui teu presente...

claro...ando muito ocupado nessa vida de professor, universitário e ocupado mental sem jeito...rsrsrsr

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sábado, 7 de maio de 2011

Dar a cara para bater




Dizia Victor Hugo que “vivem somente os que lutam”. Eis uma frase emblemática num país onde a “cordialidade” dita as regras. Mas, seria o povo brasileiro tão acomodado assim?
Quem estuda a história, e a nossa principalmente, sabe que todas as conquistas da humanidade foram resultado direto do embate pelo bem maior. O brasileiro, “gentil, porém aguerrido”, como diria meu professor de História do Brasil, Nivaldo Goulart, não é e nem foi diferente de outros povos. Na Roma antiga Espártaco, escravo e gladiador, liderou famosa revolta pela liberdade. Como resultado, foi crucificado. Mas isso não deve servir para nos amedrontar, pois, como disse Cecília Meirelles, “a liberdade é uma palavra que o sonho humano alimenta, não há ninguém que a explique e ninguém que não a entenda”. O próprio Rosseau disse que se há escravos por natureza é porque a força formou os primeiros e a covardia os perpetuou, logo, porque deveríamos continuar presos aos grilhões que nos sufocam? Até quando acreditaremos piamente nas sombras da caverna?
Hoje me deparo com uma situação delicada e ao mesmo tempo extrema. Nós professores enfrentamos batalhas diárias dentro e fora das salas de aulas. Alunos sem limites, pais sem tempo, diretores que, para defender seus cargos de confiança, esquecem-se que também são professores. Se não bastasse tudo isso, vivenciamos uma classe profissional que tem como símbolo a desunião. Nossas conquistas não são frutos da boa vontade política dos dirigentes da nação, pois àqueles interessa que o povos mantenha-se na ignorância política e intelectual. Afinal, caindo no lugar comum, conhecimento é poder. Decorre daí algo que muito enraivece: a posição contrária dos próprios educadores e diretores quanto à eleição do cargo administrativo das unidades escolares. Como eu, professor de História e Sociologia, posso ensinar aos meus alunos sobre democracia e cidadania se meus pares são contrários às eleições para direção? Há muita hipocrisia nem um pouco disfarçada em nossa educação.
Entretanto, esse não é o foco de meus argumentos nessas linhas. Foi preciso os ministros votarem o nosso piso salarial para que fosse aceito e, mesmo assim, o Estado de Santa Catarina nega-se a tal, motivo pelo qual minha classe profissional está se mobilizando numa investida por nosso direitos. E aí entra o grande problema: muitos educadores opõem-se a lutar pelo que é nosso por direito e isso me adoece. Enquanto alguns literalmente dão a cara a bater buscando o mínimo desejado à profissão, no caso salário mais condizente, grande parte se mostra alheia ao fato e, em muitos casos, desmerecendo aqueles colegas que decidiram paralisar as atividades durante um dia para lutar em favor de toda nossa classe.
Eu já perdi minha tristeza com meus colegas de vocação, começo a sentir raiva! Vê-los a discutir novelas e bigbrother na sala dos professores me enoja, simplesmente porque, ao puxar assunto referente a nossa luta, cabo sendo desdenhado. Enquanto continuar assim, não consigo imaginar um futuro promissor à educação. Infelizmente, o individualismo acumula vitórias diárias e corrobora cada vez mais para desarticular nosso movimento em prol de um futuro mais digno nas salas de aulas. O que prevalece entre os professores é a cultura do “eu”. Enquanto a cultura do “nós” permanecer relegada a segundo plano, as salas de aula continuarão a afastar os bons profissionais. Isso sem citar aquelas professoras que são excelentes donas de casa, ou aqueles professores que são excelentes vendedores. Criticar o sindicato? O sindicato somos nós, não os seus dirigentes! Como pode um professor ou professora criticar o sindicato se, em cada assembléia convocada da categoria, prefere ficar em casa limpando tudo ou ir cuidar de seus afazeres? A meu ver, esses ineptos não são merecedores das conquistas por aqueles que lutam pelas mesmas.
Convenhamos, como pode ser chamado de educador ou educadora alguém que tem nojo de seus educandos? Ou, como posso chamar de professor ou professora alguém que está em sala de aula mas jamais lê um livro sequer ou mesmo desistiu de estudar? Como diria Augusto Cury, é muito difícil lidar com um professor ou professora que desistiu de ser aluno.
Em meio a essa tarefa inglória, por vezes, desistir de lutar significa encerrar todas possibilidades vindouras de que dias melhores virão....      

Professor Wagner Fonseca, irritado..muito...06/05/11
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