sexta-feira, 3 de maio de 2013

Sinais de uma época... Como me sinto...




Geralmente uso o espaço do blog para publicar coisas de utilidade pública. Ah, começar um texto com uma piada é muito bom...

A verdade é que sou um cara incomodado mesmo. “Cabeludo revoltado”, diz minha professora. Pode ser. Eu me revolto mesmo, principalmente com a mentalidade de gado, de rebanho que eu vejo diariamente na internet, nas redes sociais. E, por isso mesmo, gosto de provocar essa mentalidade agindo da mesma forma, postando as mesmas coisas que fazem essa mentalidade ovina se arrepiar. 

Uma notícia ruim se abateu sobre mim ontem. Perdi praticamente metade de minhas aulas, não vou mais lecionar sociologia em uma das escolas que estava. E o pior de tudo é que a culpa é de um desgovernador incompetente deste lindo Estado que é Santa Catarina. Um Estado conservador, diga-se de passagem, mas de encantamentos mil. Realizamos um movimento bonito contra esse desgoverno imoral, ainda estamos lutando, porém, os professores, os mais prejudicados, serão demitidos. Bem, os alunos também serão muito prejudicados, pois serão entulhados nas salas de aula. Os alunos estão nas ruas brigando, os professores se acomodaram. Não todos, é óbvio, mas uma grande maioria, principalmente aqueles que mais perderão. É, mais uma luta, mais um desafio, mais uma guerra. Vamos abaixar nossas cabeças e olhar para o chão que nos sustenta. Respirara fundo, estufar o peito, suspirar, sorrir e guardar as mágoas para depois. Vamos levantar a cabeça e continuar.

Aí, você enxerga nas redes sociais o ódio perpetrado por aqueles que se sentem ameaçados. VAMOS REDUZIR A MAIORIDADE PENAL! É o brado retumbante daqueles que querem salvar o país! Temos um Estado que não investe em educação nem saúde, muito menos nas condições básicas da população e agora querem jogar todo mundo num presídio. Vai melhorar pra caramba a segurança do país! Ô se vai... E os verdadeiros ladrões? E nossos vereadores analfabetos? Nossos deputados analfabetos? É tão fácil enxergar um problema e pensar como a maioria está pensando. “Fodam-se os adolescentes e crianças! Se erraram têm de ser punidos!” Dá nos nervos ouvir isto. A mídia porca do Brasil elege um tema e o banaliza de forma tal que molda milhares de pensamentos sem que ninguém realmente pense sobre. Pior que isso é ouvir nossos intelectuais virtuais declamarem inúmeras linhas sobre o porquê se deve reduzir a maioridade penal. A comparação com países ricos é feita imediatamente. Países com realidades sócio-culturais e econômicas totalmente distintas da realidade brasileira. Há exceções? Isso nem precisa se comentar. O discurso é básico: “é mais punir do que educar”, embora até mesmo este discurso seja atacado pelos intelectuais virtuais. Todavia, esquecem-se tais mentes que educação não é somente aquela proposta por meus colegas professores que querem esquivar-se da sua profissão. Educação vem de casa, mas quem educou os adultos que lá se encontram? Nasceram do repolho e nunca foram à escola? São apenas seres iletrados? Nunca tiveram uma aula sequer? 

A educação é um conjunto de fatores que envolvem toda a sociedade, não apenas a família. Quando falamos em educação devemos levar em conta o aprendizado familiar, o aprendizado com os amigos da vizinhança, o aprendizado na igreja, clubes, trabalho, todo o processo de socialização a que estamos submetidos diariamente. E, principalmente, tudo o que nos é oferecido em nosso cotidiano pelos meios de comunicação. Nossa sociedade é violenta porque assim a fazemos, assim desenvolvemos nossos filmes, nossos valores individualistas, nossos jogos de videogames e por aí se vai num infinito de causas que levam à violência. Que educação almejamos então? Ou será que vamos apenas ‘vigiar e punir’? É por causa disso que punir é mais fácil que educar. Pois educar pressupõe uma tomada de consciência muito maior em direção a uma mudança radical na forma de pensar a sociedade. Tornarmo-nos iguais em tudo não dá. Quiçá sermos iguais perante as leis. Contudo, precisamos ao menos garantir nossa liberdade, principalmente porque é com ela que aprendemos a evoluir como seres melhores. Quando um indivíduo chega ao ponto de cometer um crime apenas o punimos sem nos questionar as causas que o levaram ao proceder o ato. Talvez o ser que age violentamente não possa ficar solto na sociedade e precise mesmo ficar preso. Mas se não entendermos o que leva o ato criminoso, como iremos educar as novas gerações para evitar que o mesmo se repita?

As rédeas sociais estão soltas, isso é fato. Precisamos de um Estado forte que as amarre novamente, entretanto, de forma algum necessitamos de um Estado centralizador ou autoritário. Precisamos nos reconstruir enquanto sociedade, resgatar velhos valores ou adaptar novos. Ainda não somos capazes de sobreviver e conviver pacificamente em sociedade sem ter um guia, sem ter as leis que nos sustentam. Mas isso é algo me assusta, pois o que vejo pelas redes sociais é um crescente sentimento de impotência da população, principalmente dos intelectuais virtuais, e que a cada dia mais desejam que o mundo volte a ser como era no passado: direitos humanos para humanos direitos. Talvez a analogia não seja a mais correta, mas acredito que todos conseguem entender. As pessoas “normais” dia após dia aumentam seu movimento contra aquilo que consideram “anormal”: cotas, direitos aos pobres, direitos aos que antes não tinham, ditadura dos menores, ditadura homossexual e assim se segue. Na verdade há muito que se questionar sobre tantas transformações pelas quais a sociedade vem passando ultimamente. Porém, ao invés de haver uma discussão saudável, o que vejo é o império da opinião devidamente baseada em leituras e empiricamente moldada contra tudo o que atente à propriedade privada, religião e bons costumes. Qualquer palavra dita de uma forma um pouco diferenciada já o caracteriza como comunista, subversor da ordem pré-estabelecida, ateu militante ou defensor do direito de dar a b.... (bem não precisamos chegar a tal ponto, embora eles assim o façam com quem pensa contrário ao seu modo). Logo em seguida desejam que você se afunde num mar de fezes o culpando por ser a favor de tudo o que faz o mundo atual ser o balde de merda que é. 

Por fim, ou você se torna o rebanho facilmente induzido acéfalo que apenas reproduz sem questionar tudo aquilo que é derramado nas redes sociais e meios de comunicação, ou você se converte em gado bovino devidamente manipulado por intelectuais virtuais que sabem mais que todos os pensadores e escritores da face da terra. 

Eu prefiro, acima de tudo, um banho de rio. Mas estes preferem mijar dentro dele quando você lá está.       
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...