sábado, 4 de dezembro de 2010

A sociologia e a filosofia em sala de aula

Há um tempo atrás ouvi um membro de uma comunidade do orkut da minha cidade dizendo ser contra o ensino de sociologia em sala de aula no ensino médio. Bom, ele também é extremamente contra o MST, extremamente contra o PT, contra qualquer partido de esquerda, aliás, ele é terminantemente contra qualquer abalo na estrutura social do statu quo predominante. Trocando em míudos, o cara é um reacionário autêntico.
Bem, isso seria normal, se o cara não fosse mais novo que eu, mas ele é. E também vem de família de sobrenome (aqui na cidade) e detentora de posses. Então, um dia ele questionou sobre o ensino de sociologia e filosofia, dizendo que os alunos deveriam ser preparados para o mercado de trabalho, aprender matemática de verdade para poder usá-la financeiramente de maneira correta. 
É óbvio que pessoas assim não querem que os alunos pensem, porque então ensinar-lhes filosofia e sociologia? Porque os alunos devem aprender a questionar a realidade? Porque desenvolver o senso crítico se vão todos varrer chão de fábrica? Porque entender como funciona a sociedade, como funciona o mundo, com qual finalidade? Com a finalidade de abalar a sociedade mostrar que a realidade pode ser muito melhor, ou, no mínimo, deveria ser...
A revista veja também pensa assim, afinal, seus leitores não são das classes mais baixas da sociedade, logo, numa de suas reportagens vi alguém comentando da dificuldade que os alunos tem de apreender conceitos complexos das duas disciplinas. Engraçado que a tal revista elogia os sistemas educacionais estrangeiros, do "primeiro mundo", mas quando se trata de dar um voto de confiança aos brasileiros, ela mesma trata de nos chamar de ignorantes.
Eu, enquanto professor de história, sociologia e às vezes filosofia e também geografia, sempre vou estar lutando para desestabilizar o status quo e farei da pesquisa minha arma na luta por um mundo melhor! Esse é um dos motivos que me fazem ter orgulho de lecionar na rede pública estadual, porque na escola pública é onde estão as pessoas que mais precisam de conhecimento!
Não ligo se me chama de comunista ou marxista, tão logo não devem se incomodar se lhes chamar de fascistas. Sou muito mais que um rótulo!




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Um comentário:

  1. Esta mania de achar que ensino deve ser voltado para repassar informações e não para pensar é algo que me assusta!

    Como impor a idéia de que jogar várias informações vai fornecer o suficiente para o aluno construir e compreender o conhecimento... Até mesmo a vida e o mercado de trabalho?

    Minha irmã está fazendo Psicologia e tem algumas aulas em conjunto com outros cursos. Já perdi as contas das vezes que ela voltou revoltada com a postura dos alunos diante de certas concepções: A maioria acha que filosofia e sociologia não é tão importante quanto matemática. Isto na faculdade!

    As vezes fico espantada com a falta de um pensamento mais amplo...

    Parabéns pelo post!

    ;D

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