domingo, 18 de setembro de 2011

A Revolução Francesa


A crise do absolutismo




A revolução de 1789 veio em contraponto ao Antigo Regime: desde a época de Luís XIV que se questionava o direito divino dos reis e a hierarquia social e seus privilégios que distanciavam cada vez mais pobres de ricos.
Antes de 1789 a população francesa dividia-se em três partes:
1° estado: o alto clero,
2º estado: a nobreza real e rural, bem como alguns poucos burgueses que ao longo dos séculos haviam adquirido títulos de nobreza hereditários, a nobreza de toga;
3º estado: 98% da população composta pelo povo em geral, setores do baixo clero e burguesia. Esses sustentavam a pequena minoria.

Essa estrutura social rigidamente hierarquizada não conseguia mais conter as animosidades do terceiro estado em relação aos outros dois. Além disso, o terceiro estado tinha os pressupostos intelectuais e ideológicos do iluminismo ao seu lado. A teoria liberal e a ânsia do individualismo frente a uma sociedade coercitiva foram as ferramentas que levaram a burguesia a exercer o seu papel revolucionário para por fim as formas de dominação do antigo regime. A qualificação e o mérito passaram a ser vistos como mais importantes que os privilégios de nascimento.

As causas da crise, então, estavam ligadas ao social, ao político e ao econômico. A burguesia se via amputada perante os tratados internacionais entre a França e outros países, bem como as limitações existentes na produção manufatureira. Além disso, o aumento populacional também gerou uma crise agrícola de falta de alimentos.
O fator político foi de fundamental importância. Em 1787 a proposta de igualdade de impostos não foi o suficiente para amenizar os ânimos. Luís XVI tentou realizar a reforma fiscal e também política, mas era tarde. Propôs-se a convocação dos Estados Gerais, todavia, o número de representantes do terceiro estado não era suficiente, mesmo duplicando seus lugares. Percebia-se entre clero, nobreza e alta burguesia o anseio pela liberdade individual e à propriedade privada.

A convocação dos Estados Gerais se deu em maio de 1789 e representou uma vitória aos Terceiro Estado: o voto “por cabeça”. O rei percebendo a força do movimento sugere que os outros estados unam-se ao terceiro e formem uma Assembleia Nacional Constituinte. No dia 14 de julho as massas populares tomam símbolo do poder absolutista: a Torre da Bastilha, prisão real. É o marco da revolução e o rei é obrigado a reconhecer o poder dos deputados constituintes. A revolução espalhou-se pelo campo onde os pobres invadiam castelos e até mesmo massacravam seus donos. Esse período ficou conhecido como Grande Medo.
A assembleia toma as primeiras medidas: abolição gradual dos direitos feudais, Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, confisco das terras da Igreja. Embora nobreza e clero fossem atingidos pelas novas medidas, o poder real ainda precisava ser podado. Assim, a constituição de 1791, que dizia que todos eram iguais perante a lei, não foi o suficiente: os “iguais” excluíam grande parte da população. O projeto burguês moderado não alcançava a todos. A nobreza exilada no exterior preparava-se para retomar o que havia perdido. A família real tenta fugir, mas é reconduzida a Paris. Outros países, receosos da onda revolucionária, tentam intervir, mas adquirem mais ojeriza do povo que não gostou da ideia de outros países se envolvendo nos problemas internos franceses. 
A assembleia constituinte foi dissolvida e em seu lugar a assembleia legislativa proclamou que a pátria estava em perigo: começava a guerra contra Áustria e Prússia. A população foi armada e venceram os exércitos de ambos os países. A Comuna de Paris passa a exercer o poder e pede o afastamento do rei, que acaba sendo deposto pelo povo. É eleita a Convenção Nacional e teve fim a monarquia.

Direita ou esquerda?
  
Eram assim denominados os grupos políticos que se assentavam nos respectivos lados do plenário: à direita estavam os contra-revolucionários, aristocratas e absolutistas; à esquerda sentavam-se os revolucionários e patriotas.
A esquerda era formada por grupos como jacobinos, que tinham várias filiais e cobravam mensalidade de seus membros para participarem das reuniões; e os girondinos que, diferentemente dos anteriores, permitiam a participação da massa excluída.
Coube a Convenção Nacional a administração da República estabelecida em setembro de 1792. Até o calendário cristão fora substituído por um calendário que enfatizava a relação homem-natureza. 
A hegemonia ficou nas mãos dos girondinos, mas durou pouco. A pressão tanto interna quanto externa levou os jacobinos ao poder. Os sans-culotes ainda brigavam por democracia direta. No segundo ano do período republicano os jacobinos, liderados por Robespierre, trouxeram uma Constituição mais radical e mais democrática, inclusive com direito a subsistência: ninguém poderia viver na miséria. As mulheres tiveram alguns avanços, mas tímidos ainda.
Robespierre instaurou o período conhecido como Terror, uma política de enfretamento severo dos problemas da nação. Atacou tanto os sans-culotes e a esquerda quanto a direita. Executou Hébert, Danton e Desmoulins e, por fim, terminou preso e excutado com Saint-Just.
Com isso a revolução entrou em refluxo. A Reação Termidoriana, como ficou conhecido o golpe de Estado, marcou o fim da participação popular no movimento e levou novamente e burguesia ao poder. Instalava-se o Diretório, que tinha objetivo de criar uma Constituição que desse ampla liberdade a burguesia. Em 1796, liderados por Graco Babeuf, a Conspiração dos Iguais fora sufocada pelo Diretório e seus líderes executados.
O exército francês lutava no exterior e uma figura se destacava: Napoleão Bonaparte, que as 25 anos já era herói nacional. No dia 9 de novembro, 18 brumário, um novo golpe de Estado levou Bonaparte, Sieyés e Roger Ducos ao poder. 
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2 comentários:

  1. Um marco absoluto da História da humanidade. A revolução francesa ainda teve uma forte relação de conceitos com outra revolução, a que levou à independência dos EUA em 1776, procede professor?
    O problema é que na França, após o período Napoleônico, o Absolutismo deu as caras novamente fazendo a nação dar novo passo pra trás.

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  2. A revolução francesa foi inspirada também na revolução americana, sem dúvida, mas não podemos esquecer que a burguesia teve papel fundamental em ambas...

    E no final, o povo? O povo é o povo, né...

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