quarta-feira, 6 de março de 2013

Ser professor virou "bico"...




É isso mesmo que vocês leram: "Ser professor virou bico!" Pelo menos é o que temos ouvido falar e temos visto aqui em Criciúma na escolha de vagas de professores ACT's (admitidos em caráter temporário).
Aliás, você sabe como um professor ACT chega até a escola, na sala de aula? Então lhes explicarei.
Até 2009 era assim: você fazia uma inscrição na gerência regional de educação da seguinte forma:

1º Titulação
2º Tempo de serviço no magistério
3º Quantidades de horas curso

Quem comprovasse mais tempo e maior titulação ficava nos primeiros lugares e assim se seguia. Após terminar a lista dos candidatos habilitados, vinha a lista dos candidatos que ainda estavam em formação, os nao habilitados.

Bem, em 2009  o estado de Santa Catarina resolveu criar um novo sistema: uma prova classificatória adicionada aos três itens citados acima. Após muita reclamação verificou-se que o sistema de prova funcionava. Por exemplo, meu caso. Antes da prova eu fgurava entre os números 86 e 92 na classificaçãodo ano de 2008 para atuar no ano de 2009 (na época eu ainda não possuía o diploma de pós-graduação, especialização). Então em 2009 foi realizada a prova e eu fiquei classificado em 1º lugar para o ensino fundamental e 3º lugar para o ensino médio!!! Muitos dos que figuravam nos primeiros lugars caíram vertiginosamente na classificação, mesmo possuindo muito mais tempo de serviço. Conclusão imediata: como os professores e professoras param de se atualizar! Foi o comenttário geral.

De lá para cá muito se tem tentado fazer para melhorar o sistema sem efetivamente se atingir um grau satisfatório para todos os envolvidos. Desde a primeira prova até hoje eu tenho figurado entre os primeiros colocados em história e sociologia, disciplina que leciono. Como só me formo em sociologia no final do ano, fiquei em primeiro lugar dos não habilitados no ano passado e neste ano, o que já é bom. Também fiquei em 16º lugar no concurso para história e 5º lugar para sociologia.

Bem, contada esta historieta, vamos aos fatos recentes. É sabido que as vagas em abertos nas escolas são enviadas à gerência que as implanta no sistema para que possam ser distribuídas para escolha entre os professores conforme a lista de classificação. Até tudo bem, nada demais. Aparentemente. Se você escolhe uma vaga e desiste da mesma por motivos quaisquer, você tem seu CPF cancelado, ou seja, você é excluído automaticamente. A desistência é algo que ocorria muito no passado, mas é preciso entender que há diversos problemas que fazem um professor ou professora desistir de uma vaga, afinal, desistir de uma vaga significa ficar sem salário, não é?

Eis uma pequena parte do problema. Vamos destrinchando isso. Quando o candidato assume uma vaga, digamos, 10 horas/aula, seu nome é riscado da lista, ou seja, desclassificado. Esse sim é um grande problema. Se o candidato assume uma carga horária na terça-feira na escolha de vaga no ensino médio, por exemplo. Serão duas manhãs. Na quarta-feira o candidato retorna na escolha de vagas e há uma vaga de 30 ou 40 horas semanais em outra escola (ou quem sabe, ao lado de sua casa, como aconteceu comigo) e o candiadto então não tem o direito de assumir as 30 horas (que fechariam perfeitamente com suas carga horária) ou mesmo pegar a vaga de 40 horas e dividi-la em duas, assumindo 30 ou 20 horas a mais. Ou seja, ter a "sorte" de estar lá um dia antes pode fazer o candidato perder uma vaga que lhe possa garantir um pouco mais de salário. É ou não é uma baita bizarrice? Melhor dizendo, é uma sem vergonha de uma estúpida burrocracia muito idiota! Podemos piorar situação. Suponha que na terça-feira você esteve na escolha de vagas e assumiu as 10 horas. Você está entre os 5 primeiros lugares. Você volta na quarta-feira, alguém la´no trigésimo, quadragésimo lugar ou mais longe ainda pega o módulo de 30 ou 40 horas que poderia ser seu (ou no mínimo, dividido entre você e outra pessoa). Aí fica a questão: porque então fazer uma prova para act's e passar tanto trabalho com inscrição on line, correrios, xerox e etc?

Mas calma aí, podemos piorar um pouco a situação. Suponhamos que você está se formando numa disciplina que há poucos inscritos, sociologia no meu caso. Há onze professores habilitados na lista, todos com suas cargas horárias cheias. Eu sou o primeiro colocado na lista de não habilitados, inclusive com pontuação superior a todos os habilitados. Como eu já peguei 20 horas na primeira chamada, meu nome está riscado da lista, óbvio (embora não aceitável). Após eu, existem dez ou doze professores não habilitados. Estamos na escolha de vaga, eu mais uns três ou quatro professores não habilitados e há uma vaga que me interessa, embora seja distante de casa, 30 horas. Como é proibido "quebrar o módulo" porque o sistema não aceita, eu não posso assumir parte das aulas. Meus colegas também não querem essa vaga inteira, apenas parte. Resultado: ficamos a ver navios e a vaga é considerada aberta à chamada pública. Isso siginifica que qualquer professor ou pessoa presente no momento pode pleitear a vaga, simples assim. Ou seja, novamente, realizar a prova e ser o primeiro lugar de nada adianta!!!!!

Tudo isso me enoja e também aos meus colegas!!! Vimos pessoas formadas em administração, ou ainda se formando, psicólogas tendo direito a vaga de filosofia antes dos professores de história que prestaram uma prova e que atuam em sala de aula há anos!!!! Ouvi um caso de um estudante de engenharia cerâmica pegar aula de matemática!!! Estudantes de cursos universitários diversos estão em sala de aula assumindo vagas que professores de formação não podem assumir devido a burrocracia do sistema. E você porque isso acontece???? Por que o governo Raimundo Colombo está pouco se importando com a educação catarinense!!! Não importa quem é o professor ou professora em sala de aula: seja formado ou possua apenas o ensino médio. Professores não habilitados recebem um salário menor, gerando menos custo ao estado, e também, se for só um bico mesmo, como temos ouvido de muitos neste ano, não encabeçarão futuras greves da categoria.

É este o Estado de Santa Catarian que propõe um "pacto pela educação"? Por acaso o governo ouviu professores e alunos para criar esse tal de pacto???

Até quando teremos que ouvir 'professores' em sala de aula tratando a educação como bico???

Sim, hoje precisei desabafar, pois o ano mal começou e já me sinto doente diante desta palhaçada!
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