quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Doce, Doce, Doce rio...


Doce foi o rio
Um rio que foi Doce
Se foi
Doce,
Já não é mais
E nem há como saber
Doce é qualidade
Das veias da Terra- Mãe
Que o homem não cansa
De sugar
De sujar
De secar
Doce foi uma rio
Em Minas Gerais
Que hoje, Doce
Não é mais
Doce foi também
Um rio
Em São Paulo
No Rio Grande
Em Santa Catarina
Doces foram
Tantos e tantos rios
Que seus nomes se perdem
Na imensidão
Lá Tietê, Cubatão
Aqui, Mãe Luzia e Sangão
Ou ali o Guaíba
Ou Tubarão, Jaguarão,
Criciúma. ..
Doces sonhos, doces banhos
Enfim, o banho no fim da tarde
O peixe,
A capivara
Ou o medo do jacaré
Tudo, todos eles
Foram tão Doces
Com o homem
E pelo homem
Foram amargados
Com a química
Com o esgoto
Cimento e carvão
Com irresponsabilidade
E falta de educação
E hoje tantos outros choram
Outros rios derramam suas lágrimas em seus leitos
Enegrecidos
Apodrecidos
Esquecidos
Porque mais um irmão
Foi morto, foi entupido
Consequência do progresso
O deus intocável do capitalismo
Nele não se toca
Ele não se discute
Nós, não o culpados...
Hoje, nosso país está menos Doce
Um rio, nosso irmão
Enlameado
Enturbecido
Assassinado
Um erro, mais um
Para aprendermos
Até quando precisaremos?
16/11/15
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