![]() |
Fonte: http://criciumanews.com.br/2014/11/04/mais-24-mil-mudas-de-arvores -serao-plantadas-as-margens-do-rio-sangao-em-forquilhinha/ |
O desastre ecológico de Mariana/MG, suscita um debate
constante sobre o progresso, esse ente ‘intocável’ que faz a roda do mundo
girar. No Sul catarinense nossos rios há muito também deixaram de ser ‘Doces’ e
alguns sequer são lembrados como rios pela própria população.
Muito se discute sobre o que o futuro nos reserva em
relação a água e seu uso ‘racionalmente’ desperdiçado diariamente. A construção
de barragens tornou-se um “mal ambiental” necessário à nossa existência. A região
carbonífera estaria sofrendo com a escassez de água potável se não tivéssemos a
barragem do rio São Bento. Mais ao Sul trava-se antiga batalha pela construção
da barragem do rio do Salto. Questões políticas a atrasam e põem em pauta os
impactos que representa. Fatores ecológicos, sociais e éticos, afinal um rio é
sempre mais do que um simples elemento a figurar em meio à paisagem. A água é envolta
em simbologias, como citava Bachelard poeticamente em “A água e os sonhos”.
Gilberto Freyre ao analisar a cultura da cana-de-açúcar na formação do Nordeste
brasileiro conseguiu perceber a íntima relação entre o ser humano e a água dos
rios. Nos idos de 1937 já denunciava a degradação que os rios sofriam com o
avanço do progresso desmedido. Antes dele, José Bonifácio ecoava medidas de
proteção às nascentes e vegetação dos morros nos finais do século XVIII.
Distantes no tempo e atuais em suas prerrogativas: indiscriminadamente
destruímos nossas maiores riquezas e hoje corremos o risco de sufocar no
acúmulo de nossos comodismos.
Recentemente tivemos duas publicações sobre rios de
nossa região, o Mãe Luzia e o Criciúma, este último típico representante
urbano: escondido em tubulações que domam suas curvas. Contudo, outros rios
jazem emudecidos em seus leitos desprovidos de qualquer esperança. O rio Sangão
talvez seja o mais danificado entre todos, assemelhando-se a uma vala aberta
para retirada do carvão, sendo-lhe a água algo muito distante do que se possa
chamar de vida. A degradação e poluição de nossos rios alcançou níveis tão
extremos que muitos sequer os percebem como rios, mortos que sejam. Assim é o
rio Sangão, como um corpo abandonado na sua indigência de perecer, sem o
direito de ser considerado um estéril leito de morte, unicamente alcunhado:
esgoto.
O esforço da sociedade civil em prol de nossos rios urge
cobrar de nossos governantes sensibilizar-se com as questões socioambientais.
Aqui, entre a vegetação que teima em “ciliar-se” jaz um rio. Os avanços de
nossa sociedade o mataram, mas teremos coragem de ressuscitá-lo?

Nenhum comentário:
Postar um comentário