Ler.
Ler ainda é pouco, pois ler pode ser apenas o passar dos olhos por sobre os
signos, por sobre significados que nos são estrangeiros mesmo fazendo parte da
nossa realidade.
Ouvir.
Ouvir ainda é pouco, pois ouvir pode ser um eco distantemente se afastando de
nós em reverberações enigmáticas de palavras nunca dantes decifradas em nosso
mundo imediato.
Pensar.
Pensar ainda é pouco, pois ocorre de maneira automática e sem um suspiro
profundo do emergir abalo que toca a consciência, é só mais uma leitura com os
olhos superficiais do querer.
Ver?
Ver pouco ajuda quem não quer enxergar. Ver é pouco para quem tem sua visão
colonizada pelo banal do existir. Ver é quase nada para quem não reconhece em
seu campo de visão as entrelinhas do existir.
Uma ideia se perdeu em minhas
palavras...
Tentarei reconstruí-la...
Aprender
exige desligar-se, exige um despensar irrefletido e às vezes até irresponsável
do negar a si mesmo a própria capacidade do erro, do engano e as inúmeras
possibilidades de qualquer coisa atingir.
Para
ler, às vezes, é necessário desconhecer-se as palavras, estranhar-se seus
sentidos. Para ler é preciso muitas vezes não saber, é preciso muitas vezes não
querer.
Para
ouvir é necessário captar o silêncio entre os ruídos, para ouvir às vezes é
preciso falar, para ouvir é preciso até silenciar.
E
porque não enxergar com os olhos fechados? Ver aquilo que não se pode captar.
Como enxergar o silêncio de uma sombra que jaz em meio à luz inebriante?
Assim
como afastar a ordem das ideias, espalhá-las todas em nossa mente turbulenta e
atribulada. Caotizar letras, números, símbolos e referências para encontrar na
desordem o alívio querido para o bem pensar, a reflexão tão profunda
mergulhando em si mesmo para, em muitos casos, nada encontrar.
Aprender
exige esquecer-se.
Aprender
exige desligar-se.
Aprender
exige perder-se.
Aprender
exige gostar.
É
um entregar-se à ousadia da própria capacidade de errar. O gosto de aprender é também
o gosto de tentar.

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