Saber que nada se sabe é o primeiro
passo para o autoconhecimento, diria o filósofo. Saber as próprias limitações já
é um passo para se conhecer. Saber-se indivíduo, isolado, limitado e
necessitado da coletividade, é outro passo para se conhecer o básico da vida em
sociedade, da vida política.
Em tempos de eleições surgem as
propostas mas mirabolantes, as verdades mais perfeitas (e as teorias mais “convincentes”),
além, claro, dos salvadores mais aptos a resgatar nosso velho e combalido
gigante que teima em ficar adormecido.
Profetas, pastores, ovelhas e os
próprios lobos misturam-se numa balbúrdia sem fim. O riso e o sarcasmo
abrilhantam e desfazem amizades, enquanto no tabuleiro os verdadeiros donos do
jogo apenas trocam as cores de velhas peças.
Iluminados e ceifadores do “inimigo”
apontam seus dedos em riste, alteram o tom de suas vozes e estufam o peito
orgulhosos:
_Estou em missão divina! _ finalmente
vocifera um candidato laureando para si ser o avatar da moral, da salvação
redentora e do destino mais próspero da grande nação.
Velhas promessas, velha história e personagens
tão comuns e banais quanto as próprias soluções simplistas que tanto propõem. Do
outro lado a ânsia por mudanças apenas troca o santo do altar. Contudo, a
turba, agora achando-se superior à ignorância e à inocência de tempos pretéritos,
não aceita a crítica generalizada. Afinal, não se deve falar mal de quem veio
em missão divina trazer luz nova ao povo, mesmo que de novo nada tenha,
evidentemente...
Me vem à mente aquele antigo conselho: “Cuidado
com os falsos profetas, verdadeiros lobos em pele de cordeiro”. Vale a
atualização para nossos tempos, para nossos políticos, mas creio que nem valha
a pena o exercício criativo. Afinal, quem já escolheu seu salvador, não buscará
fenecer por outras mãos.

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