sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

O absurdo eleitoral e a falsa ingenuidade do povo



Engraçado é apenas um singelo adjetivo para o processo eleitoral. A nível municipal chega a ser gritante a alienação, ou melhor, o analfabetismo político do povo. Neste ano de 2004, espalhadas por toda a cidade estão inúmeras bandeiras de partidos políticos diversos e iguais uns aos outros. Na mesma rua vêem-se as bandeiras e os moradores das respectivas casas a discutirem quem é realmente o melhor candidato. O mais legal é quando algum candidato já foi prefeito ou vereador, ou está tentando a sua reeleição. Mentiras e verdades das mais geniais vêm à tona. Ora, se tal candidato à reeleição “realizou” essa e aquela obra, não fez nada além de sua obrigação. É hilário como algumas pessoas ‘louvam’ alguns personagens por terem realizado obras nesse ou naquele bairro, como se fosse um “revolucionário” na cidade. Mas isso ainda é pouco. Aquelas pessoas que “plantam” bandeiras em suas casas o fazem, na maioria das vezes, em troca de favores. Há também alguns cidadãos que enfeitam seus carros de modo a semelhar-se a um circo, com um palhaço ao volante... Outras pessoas, por precisarem de “grana”, travestem-se de cabos eleitorais (com camisetas e bonés) e se utilizam de todo o seu analfabetismo político para tentar persuadir os incautos transeuntes a depositarem seu voto nos seus “representantes”. Aliás, tais candidatos promovem ridículos discursos e alaridos ‘lembrando’ que defenderão o interesse do povo! “Fulano de Tal”, o representante do povo!!! Bah!, se o dito “Fulano” é mesmo um representante popular, será que é mesmo necessário se realizar um grande alvoroço (showmícios) para aquiescer a memória popular?
Na situação atual vejo grandes festas a cada quatro anos, pessoas prostituindo-se por causas políticas, máscaras caindo e renovando-se. O fato é que o processo eleitoral é um verdadeiro pandemônio burguês, no qual o papel de palhaço é reservado ao povo. Sim, porque aquelas pessoas de carros e casas enfeitadas são as que mais reclamam das políticas municipais, estaduais e federais. Ainda se fala em ética na política! Grande! Com que educação?
Um ponto interessante da política brasileira refere-se ao assistencialismo: constroem-se casas populares. Opa, legal! O prefeito está ajudando os pobres! É? Então porque será que a casa do prefeito é melhor? Educação, saúde, moradia, alimentação, tudo isso será em vão se não houver distribuição justa das riquezas. De nada adianta construir-se milhares de casas populares se não existirem condições mínimas de vida para os menos favorecidos. E enquanto muitos vivem em “cubículos” populares, poucos se acomodam ao luxo de mansões. É essa a comunidade cristã? Pois é, além do assistencialismo esses candidatos também se utilizam de artifícios religiosos. Não é pra rir? As pessoas falam que “quando morrer nada se levará”, mas acumulam toda riqueza que puderem. E para isso pisoteiam, enganam, humilham seus “próximos”. Só se forem os próximos a ficarem para trás.
Fala-se em mérito. Se sou ou ganho algo por meu mérito próprio isto faz de mim superior?
As eleições estão aí e nada vai mudar. Nas próximas eleições outras coligações serão feitas para o bem da burguesia e o mal do povo. Devemos refletir a fundo essas questões, pois a mudança começa a partir de nossos atos. Pense bem. Você vai ver. A causa principal de toda essa fome, miséria, guerra, corrupção, violência, está encarnada em cada um de nós. A sua novelinha da Globo só mostra coisas banais, a Malhação só serve para iludir a garotada, assim como as suas músicas. Todo esse egoísmo acéfalo da classe média é motivo para a alienação do povo e transforma-nos em escravos do lucro. A TV, o rádio, a moda, a burguesia, a igreja e a educação nos mostram um mundo podre, mas que pode ser mudado! Chega de palhaçadas eleitorais! Chega de favores políticos! Vamos pensar e lutar pelo coletivo! Só a luta muda a vida, e se não lutarmos, esse mundo que conhecemos será destruído pelo imperialismo!
Quem cala consente. Se você odiar essas palavras é porque você é uma dessas pessoas acomodadas com o sistema. Não se cale! Não se entregue! Não seja conivente com essa situação predatória capitalista! Lute!

W.F.Morales – 28 de Agosto de 2004
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